Whindersson Nunes e depressão: live esclarece dúvidas sobre saúde mental

O Whindersson Nunes chamou a atenção dos seus seguidores para um comentário no Twitter em que dizia: “Eu tenho saudade de quando eu era feliz o dia

Jairo Bouer Publicado em 24/09/2020, às 12h38

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O Whindersson Nunes chamou a atenção dos seus seguidores para um comentário no Twitter em que dizia: “Eu tenho saudade de quando eu era feliz o dia inteiro”. Sabemos que ele luta com a depressão há algum tempo, sabemos que a depressão é uma doença crônica, e também sabemos que, para muita gente, esse período de pandemia, de isolamento, piorou a nossa saúde mental. Por isso achei que valia a pena fazer uma live para falar um pouco desse assunto tão importante, que é a depressão, lembrando que estamos no Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio.

 

Pandemia e depressão

Quem nunca havia tido sintoma depressivo pode ter começado a apresentar nesses últimos meses. Quem já tinha depressão e estava sob controle pode ter descompensado. Quem já estava sem remédio precisou usar  de novo, quem estava diminuindo as doses precisou aumentar, e quem estava fazendo menos terapia precisou aumentar o número de sessões.Ou seja: a pandemia complicou uma situação que já não estava muito fácil.

Uma a cada cinco pessoas vai enfrentar alguma fase de depressão durante a sua vida, segundo pesquisas. É muita gente, 20% da população.

No mundo, estimamos que a cada quarenta segundos, uma pessoa perca a vida por causa do suicídio. No Brasil são mais de 30 casos de suicídio por dia, isso sem contar as tentativas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada morte por suicídio há pelo menos dez ou 20 tentativas. E, além disso, a gente imagina que no Brasil haja uma subnotificação dos casos. Então o problema é muito maior do que a gente imagina.

Lembro que a depressão é uma das principais causas de suicídio. Ela causa um sofrimento emocional tremendo e, muitas vezes, quem está num quadro de depressão pode tentar tirar a própria vida.

Respondo, a seguir, algumas perguntas de leitores que ajudam a explicar o assunto:

Crise de ansiedade pode desencadear a depressão? (pergunta do Gustavo)
Meu filho tem 9 anos e diz que não quer mais existir. Meu marido faleceu no ano passado de câncer (pergunta da Marisa)

Ansiedade e depressão

Ansiedade pode desencadear um quadro de depressão? Sim, um transtorno de ansiedade crônica, ou um nível ansiedade muito elevado pode, sim, favorecer o aparecimento de um quadro de depressão.

É importante a gente entender que o transtorno de ansiedade é um quadro diferente do transtorno depressivo. Agora, muitas vezes eles podem estar associados, podem estar juntos, e é uma via de mão dupla. Um transtorno de ansiedade, ou um nível muito elevado de ansiedade, pode levar a um quadro de depressão e o contrário também acontece.

Sintomas depressivos ou um transtorno de depressão podem levar a um transtorno de ansiedade, também.

Então, se a pessoa tem níveis muito elevados de ansiedade ou se ela tem um transtorno de ansiedade configurado, como síndrome do pânico, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, TOC (transtorno obsessivo compulsivo), é importante que ela procure uma ajuda especializada para melhorar essa situação e para que isso não impacte sua saúde mental ainda mais, por exemplo levando a um quadro de depressão.

Depressão em crianças e adolescentes

Em relação à pergunta da Marisa (ela conta que um filho de 9 anos de idade que tem se queixado que não quer mais viver, que a vida não faz mais sentido).  E tem um evento (a morte do pai ou cuidador): é o que os americanos chamam de “life events”, que muitas vezes pode desencadear um quadro de depressão.

Muita gente tem esse conceito equivocado de que crianças e adolescentes não têm de depressão, ou que é muito difícil que isso aconteça.

Crianças e adolescentes podem, sim, ter depressão. Muitas vezes, os sintomas não são tão clássicos, como os sintomas em adultos. É muito importante que essa criança ou adolescente sejam acompanhados.

No caso da Marisa, certamente da mesma forma que a família como um todo teve dificuldade de elaborar essa perda, esse processo de luto, a criança também teve.

Então acho muito importante falar para a Marisa que é essencial, pelo o que você está contando para a gente, que seu filho tenha algum tipo de acompanhamento especializado, passe por uma terapia, passe por uma avaliação médica e psiquiátrica. Existe psiquiatra especializado em infância e adolescência, que está mais atento aos sintomas que podem caracterizar um quadro de depressão, e, muitas vezes, a necessidade de tratamento é muito importante.

A gente tem que valorizar a queixa das pessoas que têm depressão ou sofrimento emocional. Se ele está falando que ele não está legal, que a vida não está bacana, é muito importante que ele tenha algum tipo de suporte algum tipo de ajuda.

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