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Smartphone pode trazer problemas, mas também soluções

Imagem Smartphone pode trazer problemas, mas também soluções

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h54 - Atualizado às 23h53

Crédito: Fotolia

Muitos estudos vêm destacando os problemas associados ao uso inadequado ou excessivo do smartphone, como prejuízos ao sono, às relações interpessoais, à capacidade de se desligar do trabalho e assim por diante. Mas as tecnologias móveis também têm sido estudadas como ferramenta para ajudar as pessoas a cuidar da saúde mental.

Um pequeno estudo publicado pela Universidade de Washington, esta semana, concluiu que um aplicativo de smartphone pode trazer resultados comparáveis a sessões de terapia em grupo para pacientes com transtornos psiquiátricos graves como a depressão. A tecnologia ainda gerou uma taxa de adesão maior que a terapia presencial, de acordo com os pesquisadores.

O experimento, descrito na revista Psychiatric Services, contou com 163 pessoas. Desse total, 49% tinham esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo, 28%, transtorno bipolar e 23% tinham depressão. Em média, os participantes tinham 49 anos, 59% eram homens e 65% eram afro-americanos.

Uma parte dos pacientes foi convidada a usar o aplicativo, enquanto a outra tinha a opção de ir a sessões de terapia em grupo. No final, 90% dos participantes designados a usar o app utilizaram a ferramenta ao menos uma vez, enquanto apenas 58% dos pacientes da terapia de grupo compareceram em pelo menos uma sessão.

Cerca de 56% dos participantes do grupo do aplicativo para celular completaram oito semanas ou mais de trabamento. Entre os designados para a terapia presencial, 40% cumpriram o programa. As duas intervenções receberam notas altas de satisfação no que se refere ao alívio dos sintomas.

O resultado reflete o que acontece um pouco na prática dos psiquiatras: muitos pacientes que precisam de ajuda têm dificuldades para sair de casa, ou não tem acesso ao atendimento por motivos financeiros ou por morar longe de grandes centros. Muitas vezes até o medo do estigma fala mais alto.

Claro que algoritmos estão longe de substituir o psiquiatra ou o psicólogo no diagnóstico e tratamento desses transtornos. Mas é possível que essas ferramentas ajudem as pessoas a identificar ou até regular emoções ou pensamentos invasivos. E funcionem como uma ponte para a ajuda especializada.

No ano passado, um aplicativo que ajuda pacientes com transtorno bipolar a identificar episódios de mania (euforia), desenvolvido por pesquisadores das universidades de Illinois e do Michigan, chegou a ser premiado e pode, em alguns anos, ser disponibilizado no mercado. E já existe até um aplicativo feito por psicólogos alemães, o Menthal, capaz de dizer se você está viciado no smartphone. Chega a ser contraditório depender do celular para descobrir que o aparelho está te fazendo mal. Mas é justo que a tecnologia também traga soluções para os problemas que causa.