Pesquisadores acreditam que pressões do trabalho e mídias sociais pode ter contribuído para a frequência do transtorno
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h54 - Atualizado às 23h53
Todo mundo sabe que algumas mulheres ficam mais sujeitas a quadros de tristeza ou depressão após o parto. Mas o transtorno pode ocorrer já durante a gravidez, a chamada depressão pré-natal, colocando mãe e bebê em risco. Segundo grande estudo publicado nesta sexta-feira (13), a probabilidade de sofrer com o transtorno aumentou 50% entre gestantes jovens.
Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, examinaram dados de 2.390 jovens de 19 a 24 anos que engravidaram nos períodos de 1990 a 1992 e de 2012 a 2016. Eles descobriram que a proporção de diagnósticos aumentou de 17%, no primeiro grupo, para 25%. Ou seja, uma em quatro gestantes apresentam sintomas depressivos, de acordo com o levantamento mais recente, publicado na revista Jama, da Associação Médica Americana.
A comparação entre as duas gerações de jovens também trouxe outras descobertas: as gestantes de hoje são menos propensas a fumar, mas as taxas de consumo de álcool durante a gravidez foram semelhante nos dois grupos. Como consequência do achado anterior, as grávidas estão consumido mais antidepressivos.
Muitas mulheres têm receio de tomar remédios na gestação, mas há evidências de que o transtorno não tratado pode trazer riscos importantes para a mulher e a criança. Algumas substâncias foram mais estudadas que outras, e são essas que os médicos preferem usar nesse período. Terapia também é importante, já que muitos dos sintomas podem ter relação com as preocupações associadas à maternidade. Se o álcool já não é bem-vindo numa gravidez, quem toma remédios deve ficar longe da bebida.
Os pesquisadores acreditam que mudanças de estilo de vida e na sociedade podem ter influenciado os resultados. Estresse crônico, falta de sono, hábitos alimentares inadequados e sedentarismo podem estar envolvidos, bem como a internet e as mídias sociais, que podem ter colaborado para mudanças nas relações e sensação de isolamento. Alguns estudos já mostraram que as garotas são as mais vulneráveis às comparações estimuladas pela exposição nas redes.
Outra pista importante para justificar o resultado, segundo os autores, é que a proporção de gestantes que trabalham foi maior no levantamento mais recente. A gente sabe que administrar as pressões do trabalho e o novo status de mãe pode ser desafiador para muitas mulheres. Contar com ajuda de um terapeuta, do parceiro e da família é fundamental para vencer o medo de não dar conta da nova vida.