Adultos de meia-idade tendem a avaliar passado e presente de forma negativa, mas têm esperanças quanto ao futuro
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h21 - Atualizado às 23h57
A pesquisa mostra que adultos de meia-idade com histórico de depressão tendem a avaliar sua vida passada e presente com um viés negativo. Mas esse pessimismo, curiosamente, não costuma se estender às crenças sobre o futuro.
O principal autor, o psicólogo Michael Busseri, da Universidade Brock, no Canadá, diz que esse padrão de crença pode ser um fator de risco para depressão futura. Os resultados foram publicados na Psychological Clinical Science, uma revista da Associação para Ciência da Psicologia.
Ele e a coautora Emily Peck, da Universidade de Acadia, também no Canadá, analisaram os dados de uma amostra representativa de norte-americanos de meia-idade. Os participantes haviam sido avaliados em duas ocasiões, sendo a segunda dez anos mais tarde que a primeira.
Os relatos sobre a satisfação com a vida foram classificados de 0 a 10 e incluíam opiniões sobre passado, presente e futuro. Os participantes também foram avaliados quanto aos sintomas de depressão.
Em comparação com participantes não deprimidos, os que apresentavam sinais do transtorno relataram níveis mais baixos de satisfação com a vida em todos os períodos. Mas ambos os grupos acreditavam que a vida se tornaria mais satisfatória com o tempo.
Observando as trajetórias dos entrevistados, os pesquisadores viram que indivíduos que não sofrem de depressão tendem a ter aumentos lineares de satisfação com a vida em cada período de tempo. Ou seja: eles acham que são mais satisfeitos do que eram no passado, e que serão mais ainda no futuro.
Já os deprimidos dão notas baixas e semelhantes para o passado e para o presente, mas há um salto quando falam sobre o futuro, mostrando que eles acreditam que há “luz no fim do túnel”. Esse padrão também foi associado a um risco maior de depressão dez anos mais tarde, segundo os pesquisadores.
Para Busseri, os resultados ensinam que essa visão subjetiva sobre a vida é um ponto importante para ser trabalhado pelos terapeutas com pessoas que sofrem ou correm risco de depressão.
Ele acredita, também, que profissionais de saúde mental devem ajudar seus pacientes a desenvolver metas concretas e planos realistas para alcançar, de verdade, um futuro mais satisfatório, em vez de apenas acreditar nele.