Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h58 - Atualizado em 22/10/2019, às 13h56
Algumas pessoas realmente parecem ter mais dificuldade para controlar pensamentos invasivos sobre sexo ou inibir certos impulsos sexuais. E isso pode trazer muito prejuízo para a vida e os relacionamentos. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no ano passado, que a “conduta sexual compulsiva” passará a integrar a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), na categoria de transtornos do impulso.
Vale mencionar que ainda existem opiniões contraditórias sobre o assunto. A Associação Americana de Psiquiatria (APA), por exemplo, ainda não considera a compulsão sexual como “doença”. Existe o temor, inclusive, de que isso poderia ser usado como justificativa para crimes sexuais.
De qualquer forma, alguns especialistas acreditam que o comportamento compulsivo ligado ao sexo tenha uma base biológica, segundo um estudo que acaba de ser publicado na revista científica Epigenetics. A pesquisa contou com cientistas do Instituto Karolinska e das universidades de Uppsala e Umea, na Suécia, e também das universidades de Zurique, na Suíça, e Sechenov, na Rússia.
Eles decidiram analisar mecanismos que podem afetar a expressão de certos genes e como isso pode interferir no comportamento sexual compulsivo. Para isso, eles recrutaram 60 homens e mulheres que buscaram tratamento para o problema, bem como outras 33 pessoas sem queixas ligadas ao sexo. Em um experimento paralelo, os pesquisadores ainda analisaram o DNA de outras 107 pessoas, sendo que 24 tinham dependência de álcool.
Os cientistas encontraram duas regiões do DNA com modificações presentes apenas nos participantes que apresentavam compulsão por sexo. Uma dessas alterações está ligada à produção de oxitocina, conhecido como “hormônio do amor”. Os resultados também apontaram certos padrões semelhantes entre os dependentes de álcool e os compulsivos por sexo.
Dizer que o excesso de oxitocina estaria por trás do comportamento sexual compulsivo ainda é algo muito prematuro, segundo os autores do estudo. Com mais estudos, haverá mais recursos para ajudar quem sofre com o problema. Atualmente, o tratamento envolve terapia e antidepressivos, até porque muitos desses pacientes também apresentam ansiedade ou depressão.