Para pesquisadores, o cansaço interfere na educação dos adolescentes numa época em que eles precisam de limites claros
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h53 - Atualizado às 23h53
Dormir mal deixa a gente de mau humor, cansado e desatento. Não precisa ser gênio para saber que isso aumenta o risco de acidentes e diminui a produtividade no trabalho. Mas um estudo recém-publicado chama atenção para uma outra consequência negativa da falta de sono: ser pai e mãe fica mais difícil.
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, chegaram à conclusão de que mulheres com alto grau de privação de sono são mais permissivas com os filhos adolescentes. Isso pode ser complicado em uma fase em que os jovens precisam de limites bem definidos e disciplina.
O trabalho contou 234 mulheres, que dormiram com rastreadores de sono ao longo de uma semana. Os filhos delas também responderam a questionários sobre suas mães, que deram informações para os pesquisadores sobre questões como autoridade e permissividade.
Os resultados revelaram que quanto maior a privação de sono, maior a tendência a dizer “sim” para todas as vontades dos adolescentes. Os dados também revelaram que as mães afro-americanas com menor renda são as que dormem pior, o que provavelmente tem relação com o excesso de trabalho, inclusive doméstico, e falta de ajuda dos parceiros.
Realmente é difícil discutir e dizer “não” quando estamos cansados. Mas, segundo os pesquisadores, há evidências de que o excesso de permissividade com filhos adolescentes pode torná-los mais propensos a se envolver em comportamentos de risco. É importante que essas mães obtenham mais ajuda para conseguir mais tempo para cuidar de si mesmas e, por consequência, dos jovens. Dormir não é frescura. E educar bem também não.