Poluição leva a mais sofrimento psicológico, diz estudo

Estudo norte-americano que envolveu 6.000 pessoas encontrou associação entre qualidade do ar e saúde mental

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h49 - Atualizado às 23h53

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Ninguém duvida do impacto da poluição sobre o sistema respiratório – quem vive em grandes cidades sofre mais com rinites, bronquites e outras doenças pulmonares. Mas um novo estudo mostra que a qualidade do ar também afeta a saúde mental: quanto maior a exposição a certas partículas, maior a tendência a sofrer de estresse psicológico.

Pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, analisaram dados de 6.000 pessoas que tiveram sua saúde mental avaliada, e aferiram os níveis de poluição nas áreas em que esses indivíduos residiram ao longo de dez anos.

A equipe se concentrou nas medidas de partículas finas, aquelas produzidas por carros, lareiras, fornos a lenha e usinas alimentadas por carvão ou gás natural. Essas partículas são facilmente inaláveis e já foram associadas a diversas doenças, não só respiratórias, mas também do sistema cardiovascular.

De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o padrão de segurança atual para esse poluente é estabelecido em 12 microgramas por metro cúbico. Os participantes do estudo viviam em bairros com níveis de partículas finas que variavam de 2,16 a 24, 23 microgramas por metro cúbico, sendo a média de 11,34.

A análise mostrou que quanto maior a exposição a esses poluentes, maior era a tendência a apresentar sofrimento psicológico, ou seja, sentimentos de ansiedade, nervosismo, tristeza e desesperança.

Pessoas que moravam em áreas com altos níveis de partículas finas (21 microgramas por metro cúbico) apresentaram escores de angústica psicológica 17% mais altos que os moradores de áreas com níveis mais baixos (em torno de 5 microgramas por metro cúbico).

Já se sabe há muito tempo que níveis mais baixos de educação também resultam em níveis mais altos de sofrimento psicológico. E os pesquisadores da Universidade de Washington viram que cada aumento de 5 microgramas no nível de partículas finas teve efeito equivalente a um ano e meio a menos de educação.

Por último, a equipe também detectou que a associação entre poluição do ar e sofrimento psicológico foi  maior para mulheres brancas e homens negros. Estudos futuros devem ser feitos para se entender por que o efeito pode ser diferente em populações específicas.

Os resultados, publicados na edição de novembro do periódico Health & Place, mostram que o local onde se vive pode fazer uma enorme diferença para a saúde e qualidade de vida. Os pesquisadores acreditam que a poluição do ar possa interferir no comportamento das pessoas, com aumento do sedentarismo e isolamento social, o que resultaria em mpacto na saúde mental.

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