Quando o filho trata a depressão, pais também melhoram

Sintomas depressivos de adolescentes e seus pais ou cuidadores podem estar interligados, segundo estudo norte-americano

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h55 - Atualizado às 23h53

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Crédito: Fotolia

Sintomas de depressão em adolescentes e seus pais podem estar interligados, segundo um estudo apresentado em um evento da Associação Americana de Psicologia esta semana. Isso significa que quando o filho se trata, os pais também melhoram.

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Northwestern, serve de alerta para a população dos Estados Unidos, que tem visto os números de suicídio entre jovens crescerem de forma progressiva de alguns anos para cá. O tema também tem preocupado muitas famílias brasileiras, desde que alguns casos ganharam destaque na imprensa e mais gente decidiu falar abertamente sobre a depressão.

A equipe acompanhou 325 adolescentes diagnosticados com depressão. Cada um deles foi acompanhado pelo pai, mãe ou cuidador. Os jovens foram divididos em três grupos: um foi submetido à terapia cognitivo-comportamental, o outro usou antidepressivos e o terceiro, uma combinação de ambos. O tratamento durou um ano, e os jovens foram acompanhados por um ano adicional. Os pais não foram tratados, mas também tiveram sua saúde mental avaliada durante o experimento.

Os pesquisadores dizem que um quarto dos pais ou cuidadores envolvidos apresentava níveis moderados a graves de depressão antes do tratamento dos jovens. Mas os resultados mostraram que houve um efeito cascata positivo: quando os sintomas dos adolescentes melhoravam, o mesmo ocorria com os pais.

Sempre que uma pessoa tem uma doença grave, é comum que a família toda seja envolvida de alguma forma, e isso não é diferente para a depressão. Muitas vezes, conflitos em casa ou problemas de relacionamento com os pais podem até estar por trás do surgimento dos sintomas. Mas existe uma outra hipótese, que vem sendo apontada por alguns psicólogos e psiquiatras, que é a ideia de que emoções são contagiosas de alguma forma.

Tudo isso ainda precisa ser melhor estudado. De qualquer forma, não é raro receber um jovem no consultório e perceber que os pais também precisam de encaminhamento. E é bem provável que o adolescente também melhore quando um dos pais é tratado.

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