Relacões que terminam e recomeçam podem afetar sua saúde mental

Esse tipo de relacionamento seria o mais propenso a situações de abuso, problemas de comunicação e falta de comprometimento

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h55 - Atualizado às 23h53

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Sabe aqueles namoros ou casamentos que terminam, mas, depois de um tempo, um dos dois se arrepende, implora para voltar e o outro cede? Depois é o outro que rompe e, mais adiante, decide dar mais uma chance ao casal? Quase todo mundo conhece uma dupla dessas, ou até já vivenciou uma relação que vai e volta durante anos. Por serem tão comuns, essas indefinições amorosas também aparecem com frequência em filmes e seriados. Mas, acredite: elas podem ser uma armadilha para o seu bem-estar.

Pesquisadores da Universidade do Missouri, nos EUA, concluíram que o padrão de romper e voltar várias vezes pode ter impacto na saúde mental das pessoas, e não é para melhor. Esse tipo de relacionamento seria o mais propenso a situações de abuso, problemas de comunicação e falta de comprometimento.

Antes de começar o estudo, a equipe analisou o que já existia na literatura científica sobre o assunto e descobriu que, em média, 60% dos adultos já passaram por relações desse tipo. E mais de um terço dos casais que dividem o mesmo teto dizem já ter se separado e depois se reconciliado em algum momento.

Para a autora do trabalho, a professor e pesquisador Kale Monk, a separação pode ser algo que faz as pessoas perceberem a importância do relacionamento e isso resulta em alguma mudança para melhor. Mas quem faz isso com frequência, ou seja, quando isso vira um padrão, existe um risco alto de a história não terminar bem.

Para chegar a essa conclusão, ele e sua equipe avaliaram mais de 500 indivíduos que estavam em algum tipo de relacionamento. Os pesquisadores viram que aqueles envolvidos em relações que vão e voltam apresentavam mais sintomas de sofrimento psicológico, como depressão e ansiedade. A asssociação foi encontrada tanto em casais heterossexuais quanto do mesmo sexo. Os dados saíram na revista Family Relations.

Os autores do trabalho dão algumas dicas para os casais que estão nessa indefinição: pensar bem nos motivos que levaram à separação, para checar se esses problemas são mesmo sérios e se têm solução, bem como ter conversas explícitas e honestas com o parceiro. Se houve algum tipo de violência, vale a pena consultar um especialista, ou serviço de suporte, pois esse tipo de coisa costuma voltar a acontecer. E a repetição pode ser ainda mais grave.

Muitas vezes, uniões e separações ocorrem por motivos práticos, como problemas financeiros, medo de ficar só ou porque o casal conclui que já investiu tanto tempo naquela história que é melhor continuar nela. Mas esses podem não ser os melhores motivos para manter duas pessoas juntas. Se relacionamento já não é fácil quando a vontade é grande, imagine quando virou obrigação?

Procurar ajuda de um terapeuta pode ser útil para alguns casais que não conseguem acertar os ponteiros, para reunir forças e se livrar de um relacionamento tóxico, ou mesmo para ajudar na reestruturação depois de um rompimento definitivo. Lembre-se que em grandes universidades há serviços gratuitos para quem não tem condições financeiras de pagar um profissional da área.  Cuidar da saúde mental não é frescura.

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