Isso pode desencadear um fenômeno conhecido como Depressão Sazonal ou Síndrome do Final de Ano
Cármen Guaresemin Publicado em 09/12/2022, às 12h00
O ano está chegando ao fim e muitas pessoas começam a pensar nas festas de Natal e de réveillon, a planejar as férias e querem apenas se divertir. Porém, também há as que são tomadas por um estado de frustração e melancolia. Aquelas que fazem uma retrospectiva e se dão conta de que não conseguiram alcançar seus objetivos; as que estão desempregadas e sem perspectiva; ou ainda as que perderam algum ente querido. Sim, é difícil suportar tantas luzes, enfeites e comemorações ao redor quando não se está no mesmo clima.
Porém, essas sensações podem desencadear um fenômeno conhecido como Depressão Sazonal ou Síndrome do Final de Ano, termos usados por profissionais das áreas de psicologia e psiquiatria para descrever o aumento de quadros ansiosos e depressivos que surge entre o final de novembro e o fim de dezembro. Angústia, alterações de humor, insônia ou sono em excesso, dores musculares constantes e fadiga são alguns dos sintomas que podem surgir.
A seguir, profissionais de saúde mental dão algumas dicas para que você consiga passar por esta fase da melhor forma. Confira:
A imagem idealizada das comemorações de Natal e Ano-Novo pode levar à frustração. Lembre-se: não existem pessoas e famílias perfeitas, nem tudo vai acontecer como foi planejado; nem todos estão alegres nesta época do ano, a felicidade não é obrigatória. O importante é tentar relaxar e aproveitar o momento da melhor maneira possível
Não faça cobranças, evite comparações, identifique o que foi bom no ano que está terminando e valorize cada conquista, promovendo, assim, a autoestima e a segurança para gerar as mudanças desejadas no próximo ano.
Quando a pessoa bebe, se sente relaxada, já que sua percepção diminui. Porém, o consumo regular de bebidas alcoólicas reduz os níveis de serotonina no cérebro, um dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. Deste modo, o álcool agrava a ansiedade e, principalmente, a depressão. Mesmo fazendo parte das celebrações de fim de ano, o ideal é evitar, ou, ao menos, não exagerar.
Conhecer os alimentos que auxiliam no controle da ansiedade é fundamental, principalmente neste momento desafiador para a saúde, tanto física como mental. Além disso, experimentar novos sabores pode motivar o seu paladar na mudança da dieta. Frutas cítricas possuem grande quantidade de Vitamina C, que atua na redução do cortisol. A liberação do cortisol pela glândula adrenal ocorre em resposta aos episódios de estresse, que contribuem para aumentar a ansiedade. Já a banana contém grande quantidade de triptofano, um aminoácido essencial para ajudar na liberação da serotonina. A fruta também possui potássio e magnésio, controladores do equilíbrio iônico, necessário às reações orgânicas.
Ele possui flavonoides em sua composição, um antioxidante que também favorece a produção de serotonina. Nos níveis ideais, a serotonina aumenta a sensação de leveza e de bem-estar, melhora o humor e diminui os efeitos negativos da ansiedade sobre a mente e o corpo.
Há situações difíceis de evitar nesta época do ano, como certas luzes, cheiros ou sons que podem afetar negativamente nosso estado de espírito. Os ruídos, especialmente os sons graves ou altos, podem ativar e aumentar a atividade na amígdala, uma área do cérebro responsável pela resposta de “luta ou fuga”, gerando estresse e irritabilidade. Os órgãos dos sentidos são fundamentais para a percepção da realidade, pois são responsáveis por captar as sensações provocadas pelo meio externo e enviá-las ao sistema nervoso central, que registra e processa a informação recebida. Por isso, explorar cada um destes sentidos pode nos ajudar a compreender e lidar melhor com as emoções e os acontecimentos ao nosso redor.
Ela eleva a atividade cerebral que envolve as sensações de prazer e recompensa. Reduzir a dor e a ansiedade, baixar a pressão arterial, combater a insônia, aumentar e despertar emoções, ajudar no desenvolvimento do cérebro das crianças e dos bebês e atenuar a tensão são alguns dos motivos para ouvir música clássica.
Comece a identificar suas prioridades, aquilo que realmente importa para você. E não pense apenas em coisas materiais, mas nos valores que você pretende seguir e que poderão refletir positiva ou negativamente em sua vida, dependendo das suas escolhas.
Somos seres em eterna mutação, seja internamente ou pela necessidade de seguir a evolução do mundo. Portanto, se você havia feito vários planos, mas depois perdeu a identificação com eles, siga sua intuição e mude a rota. Trace metas que estejam alinhadas com seu ‘eu’ atual, com suas novas perspectivas de vida. Valores têm mais relação com ‘o que você quer ser’ do que com ‘o que você quer ter’. Essa evolução te ajudará a fazer escolhas coerentes e a trilhar caminhos mais produtivos, evitando que você perca tempo com aquilo que já não te interessa mais.
Muitos encaram as transformações como algo ruim, pois se sentem fora da zona de conforto, enquanto outros aproveitam para inovar. Se você perdeu o emprego, por exemplo, por que não tirar da gaveta aquele projeto dos sonhos que estava à espera de uma oportunidade para ser executado? Pode ser um negócio próprio, uma mudança de área ou até de cidade. A vida tem imprevistos o tempo todo, e você deve ter um plano B para quando eles surgirem.
Se neste fim de ano estiver muito difícil lidar com as feridas e com a angústia, é fundamental procurar um auxílio profissional. O acompanhamento psicológico é muito importante para ajudar a pessoa a identificar a origem dos sentimentos negativos e ressignificar o momento delicado pelo qual está passando, principalmente para quem já tem diagnóstico de transtorno mental. Então, busque ajuda, você não está sozinho.
Fontes:
-Flávia Teixeira é psicóloga, professora de pós-graduação em Psicologia Hospitalar na UFRJ e especialista em Transtornos Alimentares pela USP
-Katherine de Paula Machado é neuropsicóloga da Clínica Maia
-Monica Machado é psicóloga pela Universidade de São Paulo, fundadora da Clínica Ame.C
-Rafael Maksud é psiquiatra e especialista em Saúde Pública, Dependência Química e Psiquiatria Ambulatorial e Integrativa pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB)
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