23% dos estudantes brasileiros já sofreram bullying, diz pesquisa

Dados divulgados pelo IBGE mostram ainda que um em cada dez adolescentes entrevistados foi vítima de cyberbullying

Redação Publicado em 02/02/2022, às 18h00

O bullying pode ser praticado por qualquer razão, como orientação sexual, biotipo e estilo de roupa - iStock

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021 mostraram que a prática do bullying ainda é uma realidade no Brasil. De acordo com o levantamento, aproximadamente 23% dos estudantes contaram ter sido vítimas da prática, sendo alvo de provocações feitas por colegas. 

Além disso, a pesquisa mostrou ainda que um em cada dez dos adolescentes entrevistados – um total de 188 mil jovens – já se sentiu ameaçado, humilhado e ofendido no ambiente das redes sociais ou aplicativos, o que configura o cyberbullying.

Enfrentar essas situações provoca um impacto negativo na vida desses jovens, especialmente em relação à saúde mental. Os resultados revelaram que 50,6% dos alunos se sentiam muito preocupados com questões mais comuns do dia a dia. 

Outro dado ainda mais preocupante: um em cada cinco entrevistados afirmou que a vida não valia a pena ser vivida. Por isso é tão importante conscientizar a população sobre os riscos da prática e incentivar a luta contra toda e qualquer forma de bullying.

Campanha contra o bullying 

No mês de fevereiro a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) realiza pela primeira vez uma campanha com o mote "Delete essa ideia". O projeto, que é totalmente dedicado à conscientização contra o bullying, tem como principal objetivo esclarecer todas as dúvidas, alertar e combater essa prática, bem como reduzir o número de casos. 

Conheça, aqui, os diferentes tipos de bullying

Para colocar essa missão em prática, a ABP preparou diversas ações sobre o tema, incluindo cartilha informativa e campanha em todas as redes sociais para oferecer diversas perspectivas sobre as formas de lutar contra esse tipo de atitude. 

Confira:

Vale lembrar que essa é uma prática muito associada ao período escolar de crianças e adolescentes, mas que também pode se estender por outras fases da vida. Nos últimos anos, o bullying tornou-se um grave problema de saúde pública, causando consequências à saúde física e mental. Depressão, baixa autoestima e tentativas de suicídios são alguns exemplos.

O que caracteriza o bullying?

Bullying é um fenômeno comum. É a soma diária e repetida de ações violentas (físicas e emocionais), de intimidação, de exclusão, de humilhação, que visam desestabilizar e isolar a vítima. Bullying vem do termo inglês “bully” que é usado para designar o valentão, o brigão, aquele que quer mandar. Bullying tem tudo a ver com um jogo de poder e de dominação. 

Observações importantes:

  1. O bullying é praticado, muitas vezes, por agressores que já foram vítimas de violências físicas e psíquicas em sua história pessoal (pais agressivos, preconceitos, discriminação e exclusão social). Assim, forma-se um ciclo em que vítimas podem se transformar em agressores e assim sucessivamente. Isso não justifica e nem atenua o bullying, mas pode apontar caminhos para interrompê-lo.
  2. Não existe só agressor e vítima no bullying. Existe um terceiro elemento muito importante, a plateia, que assiste calada ou até aplaude as agressões e que acaba, mesmo involuntariamente, autorizando o agressor a seguir seu caminho. O agressor joga para seu público cativo para se afirmar e tentar manter sua liderança. A vítima é o que menos importa nessa história, ela passa a ser apenas o “meio” que justifica os “fins”. Por isso, para desarmar e evitar uma situação de bullying em uma sala de aula, por exemplo, os três elementos (agressor, vítima e plateia) têm que ser trabalhados.

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