Redação Publicado em 25/04/2022, às 13h00
Você pode ser capaz de estabilizar ou até mesmo reverter algumas das lesões nos rins muito cedo no curso da doença renal crônica, quando ela ainda está na fase da inflamação, mas muitas pessoas não têm sintomas nesse ponto - e não sabem fazer as mudanças necessárias. Dito isto, há coisas que você pode fazer, mesmo que não tenha um diagnóstico de doença renal, para ajudar a manter seus rins saudáveis. Confira estas cinco dicas:
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos. No Brasil, a estimativa é de que mais de dez milhões de pessoas tenham a doença. Segundo a entidade, a doença renal crônica (DRC) já pode ser considerada epidêmica, visto que atinge um a cada dez adultos, e a incidência vem aumentando. No Brasil, 133 mil pessoas dependem de diálise, número que cresceu 100% nos últimos dez anos. Anualmente, mais de 20 mil pacientes entram em hemodiálise, com taxa de mortalidade de 15% ao ano.
Existem dois exames principais: teste de urina que procura albumina, um tipo de proteína. Se o seu teste for positivo, é um sinal de que seus rins não estão filtrando bem o sangue. E um exame de sangue para estimar sua taxa de filtração glomerular (TFG). Este teste procura creatinina, um produto residual que pode se acumular no sangue quando seus rins estão danificados. A TFG normal está acima de 90. Se a sua está entre 60 e 90, você pode ter doença renal em estágio muito inicial. Portanto, é importantíssimo realizar, uma vez por ano, exames laboratoriais para avaliar a saúde dos rins: dosagem de creatinina no sangue e análise de urina.
Diabetes e pressão alta são as duas causas mais comuns de doença renal crônica, de acordo com o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais dos Estados Unidos. Quando você tem muita glicose no sangue, isso danifica os vasos sanguíneos em todos os lugares, incluindo os rins. Como resultado, os filtros do rim ficam danificados. As boas notícias? Diabetes tipo de 2 é uma condição com fatores de risco que são modificáveis. Um pequeno estudo no periódico Lancet descobriu que pessoas com diabetes tipo 2 que passaram por um programa intensivo de controle de peso não só conseguiram reverter o diabetes, mas cerca de um terço delas ainda estavam em remissão dois anos depois. O objetivo é obter seus níveis de A1C (um marcador de diabetes tipo 2) abaixo de 6,5% por mais de três meses.
O mesmo é verdade para a pressão alta, que também danifica os vasos sanguíneos nos rins para que eles não funcionem tão bem. Se a sua for alta (acima de 120/80), tente controlá-la com mudanças no estilo de vida: certifique-se de estar com um peso saudável, faça exercícios, siga uma dieta saudável para o coração e com baixo teor de sódio, como a dieta mediterrânea, e não fume.
Se essas etapas não funcionarem, você precisará tentar medicamentos para baixar a pressão arterial - inibidores da enzima conversora e bloqueadores dos receptores da angiotensina - funcionam bem para baixar a pressão arterial e retardar a progressão da doença renal. Não é incomum que pessoas com ambas as condições precisem de pelo menos dois medicamentos para controlar sua pressão arterial.
Se você está em risco de doença renal ou tem a doença em estágio inicial, é importante evitar tomar grandes quantidades de analgésicos de venda livre, como paracetamol, anti-inflamatórios não esteroidais ou aspirina. Todos esses medicamentos podem danificar o tecido renal e reduzir o fluxo sanguíneo. Especialmente se você for idoso.
Se você precisar tomá-los para tratar dores, a recomendação é que você siga as instruções tanto de seu médico quanto da dosagem no rótulo, e tome a menor dose possível pelo menor período de tempo. Você também deve se manter hidratado e evitar álcool enquanto os toma. Se você já foi diagnosticado com doença renal, sempre verifique com seu médico antes de tomar um analgésico de venda livre. Isso também é verdade se você tiver pressão alta ou doença cardíaca.
Isso não só aumenta o risco de doenças cardíacas e pulmonares, comos também afeta seus rins. Estudos mostraram que parar de fumar pode retardar o declínio da doença renal. Um estudo de 2018 publicado no Clinical Journal of the American Society of Nephrology descobriu que tanto ex-fumantes quanto atuais, por exemplo, eram significativamente mais propensos a ver a progressão de sua doença renal crônica.
Fumar aumenta o risco de desenvolver doenças cardíacas, o que, por sua vez, leva à diminuição do fluxo sanguíneo para os rins. Também estreita os vasos sanguíneos, incluindo os do rim, e engrossa e endurece as artérias renais. Outro pequeno estudo publicado em 2017 no American Journal of Nephrology descobriu que as pessoas que pararam de fumar tinham metade da probabilidade de sofrer declínio da doença do que aquelas que continuaram o hábito por um período de cinco anos.
Em geral, a dieta mediterrânea é saudável para o coração e a mais indicada. Um estudo de 2014 no Clinical Journal of the American Society of Nephrologydescobriu que esse tipo de padrão alimentar reduz o risco de desenvolver doença renal crônica em cerca de 50%. Todos os pacientes com DRC – mesmo nos estágios iniciais – precisam observar a ingestão de sal, pois mesmo pequenos danos aos rins podem afetar a forma como filtra o sódio.
Siga a recomendação médica e consuma menos de 2.300 miligramas por dia. Você também pode moderar levemente sua ingestão diária de proteínas – em geral, a regra geral é de 0,8 gramas por quilo de peso corporal, ou aproximadamente 55 gramas de proteína por dia para uma pessoa de 68 quilos. Nos estágios posteriores da doença renal, pode ser necessário restringir também o potássio e o fósforo.
Além desses cuidados citados, a SBN indica:
-Praticar exercícios físicos regulares;
-Evitar o excesso de carne vermelha e gorduras;
-Controle de peso corporal;
-Controle da pressão arterial;
-Controle do colesterol e da glicose;
-Não abusar de bebida alcoólica;
-Evitar o uso de anti-inflamatórios não hormonais;
-Ter cuidado com quadros de desidratação;
-Consultar regularmente seu clínico;
-Não fazer uso de medicamentos sem prescrição médica.
Pacientes idosos, portadores de doença cardiovascular e pacientes com história de doença renal em familiares têm grande potencial para desenvolver lesão renal e devem ser investigados com triagem de exames de urina e dosagem de creatinina no sangue.
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