5 medidas que reduzem o risco de Alzheimer

No Brasil há cerca de 1,2 milhão de casos da doença, o tipo mais comum de demência

Redação Publicado em 21/09/2023, às 09h00

A doença de Alzheimer é responsável por 60% a 80% dos casos de demência no mundo - iStock

Neste Dia Mundial do Alzheimer, e também Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer (21), é importante lembrar que essa é a causa mais comum de demência que existe, termo geral utilizado para a perda de memória e de outras habilidades cognitivas. A doença é responsável por 60% a 80% dos casos de demência no mundo.

Por ser uma condição progressiva, o Alzheimer piora com o tempo. Ou seja, em seus estágios iniciais, a perda de memória – considerada o sintoma mais característico e frequente – é leve, mas, com o decorrer dos anos, os indivíduos perdem a capacidade de continuar uma conversa, por exemplo. 

Segundo o Ministério da Saúde, 35,6 milhões de pessoas no mundo têm o diagnóstico de Alzheimer; no Brasil são aproximadamente 1,2 milhão de casos, a maior parte ainda sem diagnóstico. 

Dá para prevenir?

Existem medidas que, segundo evidências científicas, são muito importantes para reduzir o risco ou adiar os sintomas do Alzheimer. Para entender como a prevenção é possível, primeiro é importante entender as causas. Pode parecer surpreendente, mas a doença tem o seu início no cérebro 15 a 20 anos antes de a pessoa ter os primeiros sintomas de perda de memória.

Segundo a hipótese mais disseminada, ela é provocada pelo acúmulo lento e gradual de uma proteína chamada beta-amiloide no cérebro. Essa proteína é liberada naturalmente durante o funcionamento cerebral, mas o cérebro tem mecanismos naturais de limpeza, que impedem que se acumule.

Caso essa produção seja excessiva ou a limpeza insuficiente, a proteína vai se condensando em forma de placas em algumas áreas mais frágeis do cérebro, provocando mau funcionamento e degeneração dos neurônios e de outras células cerebrais. O problema é que o tecido cerebral praticamente não se regenera.

Nesse cenário, se a doença começa no cérebro de 15 a 20 anos antes, quando a pessoa tem entre 45 e 55 anos de idade já deve adotar as medidas preventivas. Como o cérebro tem uma baixa capacidade de regeneração, qualquer prevenção ou tratamento após o início dos sintomas é menos eficiente. 

Cinco formas de prevenir

Segundo Conrado Borges, médico especialista em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, existem evidências de medidas comprovadas para a prevenção da doença.

1. Controle de fatores de risco vasculares

Estudos mostram que as mesmas doenças que estão ligadas ao infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) também são fatores de risco para o desenvolvimento do Alzheimer: diabetes, fibrilação atrial (um tipo de arritmia), hipertensão e colesterol alto aumentam a chance de a pessoa desenvolver a doença.

Estudos de grandes populações de países desenvolvidos mostram um dado curioso. Apesar das suas populações estarem envelhecendo, o aumento de novos casos de Alzheimer não aumentou proporcionalmente.

O principal aspecto que se correlacionou a esse fenômeno foi que a população nesses lugares tem tido um controle cada vez melhor desses fatores de risco. Assim, uma das principais formas de prevenção é o controle rigoroso de pressão, colesterol, diabetes, arritmias e de outros fatores de risco.

2. Atividade física

Já existem fortes evidências de que a atividade física moderada e regular reduz o risco de Alzheimer e de alterações cognitivas. Segundo a OMS, é necessária uma frequência de 150 minutos por semana, o que equivale a no mínimo 30 minutos por dia, cinco dias por semana. Entre os mecanismos propostos para esse efeito benéfico no cérebro, três se destacam:

1. Pessoas que praticam atividades físicas regularmente têm maior fluxo sanguíneo cerebral do que as que não;
2. Quem faz atividade física tem menor perda do volume do hipocampo (estrutura responsável pela gravação de novas memórias no cérebro) do que quem não faz.
3. Apesar de o cérebro ter uma grande dificuldade de regeneração, toda pessoa tem uma pequena taxa de geração de novos neurônios, que é chamada de neurogênese. Indivíduos que realizam atividade física têm maior taxa de neurogênese no hipocampo.

Além disso, o exercício está relacionado a um melhor funcionamento do organismo, o que implica em menor taxa de pequenos infartos no cérebro, menor quantidade de doença de pequenos vasos e melhor qualidade do sono e do humor.

3. Sono

Há evidências cada vez maiores de que pessoas com sono de má qualidade na meia idade têm um risco aumentado de desenvolver Alzheimer futuramente. A lógica por trás disso é que o sono, especialmente o sono profundo, tem um papel fundamental na limpeza dos resíduos cerebrais produzidos ao longo do dia, entre eles a proteína beta-amiloide.

Dessa forma, pessoas que dormem mal frequentemente vão acumulando mais rapidamente esses resíduos até que se transformem em placas e, consequentemente, resultem nos sintomas do Alzheimer.

Por isso é importante ter atenção à qualidade do seu sono e, se necessário, procurar ajuda médica. Tratar essa questão poderá servir como prevenção de um quadro de demência no futuro.

4. Alimentação

Uma alimentação inapropriada pode levar a doenças como diabetes, doença coronariana, infarto do miocárdio e AVC. Porém, a alimentação também influencia o risco de Alzheimer. Diferentes nutrientes podem gerar maior ou menor dano no cérebro e melhorar ou piorar o funcionamento de funções cognitivas (como memória e atenção).

Estudos mostram que as vitaminas C, D, E, B1 e B12 podem ter um papel positivo, assim como o ômega 3. Mas não basta comprar um suplemento dessas vitaminas, pois ingerir compostos com os nutrientes isolados não tem o mesmo efeito sobre a cognição e sobre o risco de Alzheimer do que quando ingeridos na dieta.

O caminho correto é buscar por uma dieta completa e comprovadamente protetora. As mais estudadas são a dieta Mediterrânea, a DASH, a MIND e a dieta baseada em peixe (oriental). Procure um nutricionista para discutir sobre as características e possibilidades de cada uma. 

5. Atividade intelectual

A quantidade de conexões do cérebro é muito importante para determinar como a pessoa vai responder à perda de neurônios. Quanto maior o repertório de conhecimentos e habilidades, maior a quantidade de conexões do cérebro e melhor a adaptação à perda de neurônios. 

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