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Abuso na infância aumenta risco de infarto e derrame

Imagem Abuso na infância aumenta risco de infarto e derrame

Jairo Bouer Publicado em 11/05/2020, às 20h23 - Atualizado em 12/05/2020, às 14h12

Indivíduos que enfrentam trauma, negligência e conflitos familiares na infância têm uma probabilidade significativamente maior de sofrer um evento cardiovascular, como infarto ou derrame, na meia-idade. Além disso, essas pessoas são mais vulneráveis a morrer por qualquer doença, segundo pesquisadores da Universidade Northwestern, nos EUA.

Experiências traumáticas na infância podem prejudicar a capacidade de uma pessoa de lidar com situações estressantes ao longo da vida. Isso pode fazer com que, ao chegar à idade adulta, eles busquem estratégias de enfrentamento prejudiciais à saúde, como fumar, beber ou comer demais para tentar aliviar a tensão.

Pesquisas anteriores já mostraram essas pessoas têm maior probabilidade de sofrer de diabetes, pressão alta, quadros inflamatórios e níveis mais altos do hormônio cortisol em resposta ao estresse. Mas poucos deles acompanharam pacientes por tempo suficiente para descrever a trajetória de jovens submetidos a traumas na infância.

O estudo atual, batizado de Cardia, recrutou jovens adultos de diferentes etnias e situações socioeconômicas de quatro cidades norte-americanas: Birmingham, Chicago, Mineápolis e Oakland. Eles tinham de 18 a 30 anos de idade entre 1985 e 1986. Eles tiveram sua saúde física e mental avaliada periodicamente até 2018.

Mais de 3.600 participantes preencheram questionários para avaliar experiências estressantes na infância, como abuso verbal, abuso físico, e presença de abusador de álcool ou drogas em casa. Eles também responderam a perguntas sobre como era o ambiente em casa e o relacionamento entre os integrantes da família.

As respostas fizeram os participantes serem divididos em três grupos, de acordo com a frequência de adversidades enfrentada na infância. Após 30 anos, aqueles expostos a níveis mais altos de estresse quando crianças apresentaram uma propensão 50% mais alta de sofrer um evento cardiovascular em relação aos que tiveram experiências mais favoráveis.

Os pesquisadores comentam que a pergunta mais importante, ou seja, que mais ajudou a apontar o risco de doença cardiovascular mais tarde foi: “sua família sabia o que você estava fazendo quando criança?”. Uma resposta negativa mostra que os pais estavam pouco presentes na vida do filho.

Mesmo a exposição moderada a adversidades da infância foi associada a um risco de mortalidade 50% mais alto, por qualquer causa, em comparação com a jovens menos expostos.

Isso demonstra que experiências da primeira infância têm um efeito duradouro no bem-estar físico e mental dos adultos. E que agir para evitar situações de abuso na infância pode evitar uma série de problemas mais tarde.