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Ácidos só devem ser usados na pele no inverno? Dermatologista responde

Ácidos são excelentes opções para o tratamento da pele, na medida em que oferecem efeito de renovação celular - iStock
Ácidos são excelentes opções para o tratamento da pele, na medida em que oferecem efeito de renovação celular - iStock

Cármen Guaresemin Publicado em 13/07/2022, às 12h00

Inverno é época de fazer aqueles procedimentos de beleza que utilizam ácidos e que são evitados durante o resto do ano. Isso porque, nas outras estações, o risco da pele acabar manchada é muito alto. E, mesmo assim, é preciso bastante cuidado. Mas nem todos tratamentos precisam ser adiados. A dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica melhor qual, quando e por que usar cada ácido. Confira:

Por que a preferência pela aplicação de ácidos nesta época do ano?
A pele tende a ficar mais sensível com a aplicação, então é melhor realizá-la no inverno do que no verão, não apenas pela agressão da luz solar, mas também pela alta temperatura.

Quais os ácidos mais indicados para procedimentos durante o inverno?
O ácido mais indicado é o retinóico. Porém, além de ser o mais efetivo, ele é muito fotossensível, portanto não conseguimos utilizá-lo no verão por haver o risco de manchar a pele. Os outros tipos de ácido, como o glicólico, também podem ser utilizados, mas não precisam ser de uso exclusivo no inverno, pois não são tão fotossensíveis quanto o retinóico.
Um outro produto que não é ácido, mas que só deve ser utilizado no inverno é o fenol, um produto alcoólico que faz uma reação epidérmica de descamação importante. Como a pele fica muito sensível pela forte agressão, é bom que seja utilizado no inverno.

Só o peeling deve ser realizado nesta época?
Peelings em geral, ou procedimentos que causam um efeito pós, com casquinhas e vermelhidão, devem ser feitos preferencialmente no inverno. São eles: laser de CO2 (indicado para o rejuvenescimento da pele), jato de plasma (ajuda a amenizar e tratar os sinais de envelhecimento da pele), peeling de fenol e resurfacing com laser de érbio (procedimento não cirúrgico de rejuvenescimento facial a laser).

Os ácidos são usados apenas para peeling?
Os ácidos citados são usados não só para peelings, mas também em algumas máscaras faciais. Ácidos são excelentes opções para o tratamento da pele no inverno, na medida em que oferecem efeito de renovação celular ou de clareamento das manchas. O retinóico é usado como peeling, mas também em cremes de uso domiciliar, melhorando a renovação celular que elimina as células manchadas da superfície da pele.

O ácido glicólico, além de ser usado como peeling, também pode ser usado em procedimentos de drug delivery (quando substâncias -drugs- são “entregues” -delivery- diretamente em determinadas camadas da pele). Ele tem forte capacidade esfoliante, quebra e diminui a adesão entre as células da primeira camada da pele, abrindo portas de entrada para que haja penetrância de tudo que ele traz. Por isso, ele pode ser um complemento para atuar contra as manchas, na medida em que diminui a espessura da pele e facilita o trabalho de substâncias clareadoras. O fenol, por sua vez, é usado exclusivamente como peeling para rejuvenescimento e clareamento de manchas.

Esta época também é melhor para se fazer preenchimento facial ou labial, ou não necessariamente? Qual ácido é usado em cada situação? Por quê?
Os preenchimentos podem ser feitos em qualquer época do ano, não apenas no inverno. Nesses casos, a principal substância utilizada é o ácido hialurônico por suas propriedades preenchedoras. Mas, além de ser um preenchedor, ele também pode ser encontrado em outras formas que chamamos de micronizadas, usadas em máscaras hidratantes ou procedimentos de drug delivery para rejuvenescimento de pele.

Mesmo no inverno, temos dias mais quentes e ensolarados. Quais os cuidados para quem fez um procedimento com ácidos?
Como estamos em um país muito ensolarado, mesmo no inverno devemos ter alguns cuidados pós-procedimentos. Por exemplo: evitar ficar em ambientes abertos e ensolarados, evitar locais quentes como sauna e cozinha e não usar qualquer produto na pele que não seja orientado pelo dermatologista. Usar técnicas para abaixar a temperatura da pele, como ventiladores com jato fraco e não muito frio, borrifar água termal e fazer compressas geladas de chá de camomila.

Há alguma recomendação para os dias seguintes ao procedimento?
Importante dizer que os procedimentos com ácidos ressecam muito a pele. Portanto, devemos hidratá-la muito nos dias pós-procedimento e ter uma ingestão reforçada de líquidos. Usar filtro solar com fator de proteção mínimo de 50 para UVB e 20 para UVA também é importante.

Fonte: Mônica Aribi é dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. Mestre em Ciências da Saúde pelo IAMSPE, Membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology e Coordenadora do Setor de Cosmiatria do Hospital Ipiranga. @dramonicaaribi

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