Estudo sugere que, nesses casos, os pais são mais tolerantes por eles parecerem mais maduros
Redação Publicado em 28/04/2021, às 13h35
Pais de adolescentes que passaram pela puberdade mais cedo podem ser mais tolerantes quando o assunto é deixá-los consumir álcool. Essa é uma das descobertas de uma nova pesquisa da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos). Segundo os pesquisadores, ainda que esses jovens pareçam mais maduros, beber álcool não é seguro.
A pesquisa, publicada no periódico Child Development, tinha como objetivo principal descobrir por que adolescentes que experienciam a puberdade precoce são mais propensos a consumir bebidas alcoólicas quando comparados a seus pares.
A proporção de pais participantes do estudo que permitiram os filhos em desenvolvimento precoce beber álcool aos 14 anos foi surpreendente - um em cada sete. De acordo com os pesquisadores, é importante enfatizar que a puberdade precoce não simboliza que o jovem esteja mais avançado no desenvolvimento cognitivo ou cerebral.
Eles não são mais velhos em idade ou mais socialmente maduros, portanto permitir esse tipo de liberdade é um tanto quanto arriscado. Até porque, em estudos anteriores, já foi mostrado que adolescentes que passam pela fase da puberdade precocemente têm maiores riscos de apresentar comportamentos problemáticos, incluindo ter duas a três vezes mais chances de beber álcool.
Apesar dessas pesquisas não fazerem um aprofundamento na razão pela qual esses riscos aumentam, os estudiosos fornecem algumas teorias. Por exemplo, jovens que se desenvolvem mais cedo do que outros da mesma idade podem ter relações mais fracas com os respectivos pais ou ter menos supervisão dos mesmos.
Os pesquisadores usaram dados de mais de 11.000 adolescentes de uma amostra nacional representativa de crianças do Reino Unido chamada Millennium Coor Study. As informações foram coletadas de diversos postos de controle ao longo da vida dos participantes, incluindo investigação sobre se já haviam bebido álcool, quantas vezes isso aconteceu e se já haviam consumido cinco ou mais bebidas em um único dia.
Além disso, eles também reuniram informações sobre se os pais permitiam o uso de álcool e sobre o momento “momento pubertal percebido”, isto é, análise baseada no relato dos próprios jovens sobre suas alterações provocadas pela puberdade.
Para entender melhor esse último aspecto, os autores agrupam os participantes em três grupos: cedo, pontual e atrasado. Após a investigação dos dados, eles descobriram que os adolescentes em puberdade precoce eram mais propensos a beber aos 14 anos do que seus pares.
Os resultados mostraram que meninas nessa condição tinham 29% mais chances de já terem bebido e 55% mais probabilidades de beber com frequência. Entre os meninos, as porcentagens foram de 22% e 61%, respectivamente. Aqueles que se desenvolveram cedo apresentaram 78% mais chances de beber em comparação com meninos que passaram pela puberdade no tempo convencional.
Outra descoberta do estudo foi a relação entre o consumo de álcool por adolescentes que vivenciaram a puberdade mais cedo e seus pais. Em geral, 15% dos pais permitiram que seus filhos bebessem álcool aos 14 anos. Porém, de acordo com os pesquisadores, isso foi impulsionado por pais de jovens em puberdade precoce, ou seja, 20% deles liberaram o acesso ao álcool.
A pesquisa mostrou, ainda, que adolescentes que se desenvolveram mais cedo eram mais propensos a ter amigos que bebiam e a sair com colegas sem a supervisão de adultos. Para os pesquisadores, os dados explicam parcialmente a razão pela qual jovens em puberdade precoce apresentaram maiores taxas de consumo de bebida.
Os autores acreditam ainda que são os pais os mais capazes de ajudar os filhos e evitar que eles bebam álcool cedo. Segundo eles, mesmo que os jovens pareçam maduros fisicamente, os pais devem manter o nível de apoio e estrutura correspondente à idade e ao nível de maturidade de cada um.
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