Estudo mostra como atividades sedentárias mentalmente passivas são prejudiciais à saúde
Tatiana Pronin Publicado em 28/11/2023, às 09h00
Um estudo sugere que comportamentos sedentários mentalmente passivos, como assistir à TV ou a vídeos na internet, podem aumentar o risco de desenvolver depressão. Por outro lado, comportamentos sedentários mentalmente ativos, como trabalhar ou estudar sentado, não teriam o mesmo efeito.
A pesquisa, publicada recentemente no Journal of Affective Disorders, oferece novas perspectivas sobre como o tamanho da cintura e a inflamação podem explicar, em parte, a ligação entre comportamentos sedentários mentalmente passivos e a depressão.
Comportamento sedentário refere-se ao tempo acordado gasto sentado, reclinado ou deitado, com baixo gasto de energia. Algumas atividades desse tipo incluem assistir a filmes ou vídeos, ler e até dirigir.
Pesquisadores observaram que atividades que exigem menos, mentalmente, nesse período de sedentarismo (como ver TV) aumentam o risco de sintomas depressivos.
O estudo foi liderado pelo pesquisador André Werneck, da Universidade de São Paulo, e contou com estudiosos da Universidade Estadual de Londrina e da Federal do Sergipe, além de integrantes das universidades da Austrália, do Chile, da Espanha e da Suécia.
Os pesquisadores buscaram examinar marcadores biológicos associados ao comportamento sedentário, como nível de inflamação (medida pela proteína C-reativa), açúcar no sangue (ou hemoglobina glicada) e gordura corporal avaliada pela circunferência na cintura.
Os dados foram coletados a partir de um grande estudo focado no desenvolvimento infantil realizado no Reino Unido com indivíduos nascidos em uma semana específica de 1958. Um total de 4.607 participantes foi analisado, dos quais 2.320 eram mulheres.
Os participantes relataram o tempo gasto assistindo TV, sentados durante o trabalho ou dirigindo aos 44 anos. Circunferência da cintura, proteína C-reativa e hemoglobina glicada também foram medidos nessa idade. O diagnóstico de depressão foi autorrelatado aos 44, 46, 50 e 55 anos.
Após análises dos dados, os pesquisadores descobriram que o comportamento sedentário mentalmente passivo, ou seja, assistir à TV, estava associado a um risco 43% maior de depressão, enquanto o comportamento sedentário mentalmente ativo (como trabalhar ou dirigir) não estava associado à incidência do transtorno.
A circunferência da cintura e a proteína C-reativa explicaram parcialmente a associação do comportamento sedentário mentalmente passivo com a depressão. Isso sugere assistir à TV pode aumentar o risco de depressão ao promover a obesidade e a inflamação. Por outro lado, a hemoglobina glicada não mediou essa relação, indicando que a glicose no sangue pode não desempenhar um papel nesse contexto.
Algumas limitações do estudo devem ser levados em conta, como o fato de o comportamento sedentário e a depressão terem sido autorrelatados, o que pode levar a viés e subestimação. Além disso, devido aos avanços tecnológicos desde 2002 (quando as primeiras medições foram feitas aos 44 anos), os padrões de comportamento sedentário no trabalho e no lazer podem ter mudado, e os resultados podem ser diferentes na era atual.
De qualquer forma, o autores afirmam que, além de estimular a prática de atividades físicas ao longo do dia, seria importante também enfatizar a importância de se reduzir o tempo gasto em atividades sedentárias mentalmente passivas.
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