Qualquer atividade — até mesmo dormir — é melhor para o coração do que ficar sentado. É o que mostra um estudo que contou com apoio da Fundação Britânica para o Coração e foi publicado este mês no periódico European Heart Journal.
A pesquisa, que busca avaliar como diferentes padrões de movimento ao longo das 24 horas do dia estão relacionados à saúde do coração, faz parte de um consórcio internacional chamado Prospective Physical Activity, Sitting and Sleep (ProPASS).
As doenças cardiovasculares, que envolvem o coração e a circulação sanguínea, são a principal causa de morte em todo o mundo.
No estudo, cientistas da Universidade College London, no Reino Unido, analisaram dados de seis estudos, envolvendo 15.246 pessoas de cinco países, para ver como o movimento ao longo do dia está associado à saúde do coração. Cada participante usou um dispositivo na coxa para medir sua atividade ao longo das 24 horas do dia e teve sua saúde cardíaca mensurada.
A saúde do coração foi medida usando seis resultados: índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura, colesterol (HDL e LDL), triglicerídeos e hemoglobina glicada (A1C).
O estudo identificou comportamentos que compõem um dia típico de 24 horas. O tempo gasto em atividades moderadas a vigorosas, como se esperava, trouxe o maior benefício para a saúde do coração, seguido por atividades leves, ficar em pé e dormir. Todos foram comparados ao impacto do comportamento sedentário.
A equipe modelou o que aconteceria se um indivíduo trocasse várias quantidades de um comportamento por outro a cada dia durante uma semana para estimar o efeito na saúde do coração para cada cenário. Veja alguns resultados da pesquisa:
- Substituir o comportamento sedentário por apenas 5 minutos de atividade moderada ou vigorosa teve um efeito perceptível na saúde do coração.
- Para uma mulher de 54 anos com um IMC médio de 26,5, uma mudança de 30 minutos de atividade moderada ou vigorosa se traduziu em uma diminuição de 0,64 no IMC, o que é uma diferença de 2,4%.
- Substituir 30 minutos de tempo diário sentado ou deitado por exercícios moderados ou vigorosos também pode se traduzir em uma diminuição de 2,5 cm (2,7%) na circunferência da cintura, ou a uma redução de 1,3 mmol/mol (3,6%) na hemoglobina glicada.
A principal conclusão, segundo os autores, é que, embora pequenas mudanças na forma como as pessoas se movimentam podem ter um efeito positivo na saúde do coração, a intensidade é importante.
A mudança mais benéfica observada pela equipe foi substituir o ato de sentar por atividade moderada a vigorosa, que pode ser uma corrida, uma caminhada rápida ou subir escadas. Basicamente, qualquer atividade que aumente a frequência cardíaca e faça a pessoa respirar mais rápido, mesmo que seja por um ou dois minutos.
Embora a pesquisa não prove totalmente a relação entre causa e efeito, os resultados contribuem para um corpo crescente de evidências que ligam a atividade física moderada a vigorosa ao longo de 24 horas a um melhor perfil de gordura corporal.
Os pesquisadores disseram que, embora o tempo gasto em atividade vigorosa seja a maneira mais rápida de melhorar a saúde do coração, existem maneiras para pessoas de todas as habilidades se beneficiarem. A diferença é que quanto menor a intensidade da atividade, mais tempo é necessário para começar a ter um benefício tangível.
Eles disseram que usar uma mesa para trabalhar de pé algumas horas por dia, por exemplo, é uma mudança ao longo de um período relativamente longo, mas também pode ser integrada facilmente à rotina de trabalho.
Os sujeitos menos ativos, no estudo, também foram os que mais se beneficiaram ao se tornarem mais ativos.
Vale lembrar que mesmo atividades leves podem levar a um melhor controle da pressão arterial e do açúcar no sangue, o que é benéfico ao longo do tempo.
Veja como incluir atividades moderadas ou vigorosas à rotina:
- Faça pausas ao longo do dia para dar uma caminhada rápida
- Use as escadas, em vez do elevador
- Estacione mais longe de onde vai, para caminhar mais
- Procure andar mais rápido ao fazer compras.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin