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Alexitimia: por que identificar emoções é difícil para certas pessoas

A alexitimia afeta a forma como as pessoas lidam com emoções no trabalho e no relacionamento - iStock
A alexitimia afeta a forma como as pessoas lidam com emoções no trabalho e no relacionamento - iStock

Redação Publicado em 21/01/2025, às 10h00

É possível que você nunca tenha ouvido o termo “alexitimia”. Mas ele descreve algo que muitas pessoas vivenciam: dificuldades em identificar, distinguir e expressar emoções.

A alexitimia afeta a forma como as pessoas lidam com suas emoções no trabalho, nos relacionamentos e até consigo mesmas. Também pode influenciar a maneira como uma pessoa analisa o ambiente ao seu redor e como interage com o mundo.

Comum, mas difícil de identificar

Não é fácil perceber se alguém que você conhece tem alexitimia. Muitas vezes, a pessoa pode nem mesmo perceber que tem essa condição. Trata-se de um fenômeno muito interno, que é vivenciado pela própria pessoa.

O termo “alexitimia” foi descrito pela primeira vez em pesquisas na década de 1970 e não possui um diagnóstico clínico formal.

No entanto, acredita-se que afete cerca de 10% da população geral. A palavra em si vem de raízes gregas – “a” (não), “lexis” (palavras) e “thymia” (alma ou emoções) – e traduz-se, aproximadamente, como “sem palavras para emoções”.

A alexitimia está intimamente relacionada à percepção interoceptiva, que é a habilidade de interpretar e identificar os estados internos do corpo. Pessoas com percepção interoceptiva reduzida, também chamada de “alexisomia”, têm dificuldade em identificar se estão com fome, sede, cansaço, excitação ou dor.

Em quem é mais comum

É importante destacar que a alexitimia não é uma experiência igual para todos. Ela varia de pessoa para pessoa.

Pessoas com autismo, por exemplo, apresentam essa condição em uma taxa mais alta – entre 33% e 66% em comparação à população geral.

A alexitimia também é mais comum entre pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão.

Algumas pessoas sempre tiveram alexitimia, enquanto outras a desenvolvem após traumas.

Consequências da alexitimia

Se uma pessoa não consegue identificar o que está sentindo, é mais provável que suprima ou ignore essas sensações corporais e menos provável que resolva os problemas relacionados. Dessa forma, torna-se mais difícil para ela se autorregular emocionalmente, e pode ser mais frequente sentir-se sobrecarregada.

A alexitimia afeta como uma pessoa vivencia e interpreta as emoções, desde perceber as sensações físicas no corpo, identificar essas sensações como sentimentos específicos e decidir como reagir. Entender em que ponto uma pessoa tem dificuldades nesse processo pode ajudar a determinar o tipo de apoio que ela pode precisar.

Dá para melhorar

Embora a alexitimia possa afetar a conexão de uma pessoa com suas emoções, a consciência emocional é uma habilidade que pode ser desenvolvida na idade adulta e aprimorada ao longo do tempo.

Praticar a capacidade de nomear emoções e sensações físicas é uma estratégia que pode ajudar pessoas com alexitimia a se compreenderem melhor. Outra estratégia é aprender a identificar como essas emoções e sensações se manifestam no corpo.

Fonte: The Conversation