Estudo indica que a privação de sono não só eleva a sensibilidade à dor como também diminui o efeito do ibuprofeno e da morfina
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h47 - Atualizado às 23h54
Você já sabe que dormir mal afeta a concentração, o humor e pode até levar ao ganho de peso. Agora, um estudo feito em animais indica que a privação de sono não só eleva a sensibilidade à dor como também diminui o efeito de analgésicos comuns e até mesmo da morfina.
O trabalho foi conduzido por pesquisadores do Hospital Infantil de Boston e do Centro Médico Beth Israel, na mesma cidade norte-americana. E a descoberta foi descrita na revista Nature Medicine.
A equipe monitorou os ciclos de sono e a sensibilidade sensorial de um grupo de ratos, que, depois, foram submetidos a privação de sono por meio de entretenimento. Assim como acontece com os humanos, que muitas vezes dormem pouco porque querem ver um filme ou sair com os amigos e precisam acordar cedo no dia seguinte.
Os ratos foram mantidos acordados por mais tempo do que de costume durante cinco dias consecutivos. Nesses períodos, os pesquisadores monitoraram seu cansaço, nível de estresse e sensibilidade à dor perante estímulos quentes, frios ou de pressão. A associação entre dormir pouco e se incomodar mais com estímulos dolorosos foi clara.
Mas o que mais chamou atenção da equipe foi que nem o ibuprofeno, um anti-inflamatório usado como analgésico, e nem mesmo a morfina foram capazes de anular a hipersensibilidade à dor causada pela falta de sono.
Os pesquisadores ressaltam que dormir bem é fundamental para pacientes com dor crônica. Eles acreditam que a descoberta pode abrir caminho para novas abordagens para tratar esses pacientes, que levem em conta o seu sono.