Redação Publicado em 22/10/2024, às 09h00
"Ansiedade de alto funcionamento" não é um diagnóstico médico definido, mas é algo que acontece com uma certa frequência: a pessoa sofre com muitos ou até todos os sintomas de ansiedade, mas não deixa de produzir. E, por não se tratar de algo incapacitante, ela não chega a buscar tratamento. Você se identificou com a situação? Então leia mais para saber o que você pode fazer sobre isso.
“Normalmente, quando ouço as pessoas falarem sobre ansiedade de alto funcionamento, significa que elas podem ter muitas características de um transtorno de ansiedade sem o diagnóstico real”, diz Jonathon Sikorski, diretor de educação de bem-estar e professor assistente de psiquiatria do Centro Médico da Universidade de Nebraska, nos EUA, em entrevista ao site Health.
Debra Kissen, copresidente do comitê de educação pública da Associação de Ansiedade e Depressão da América, confirma que muita gente vive com níveis extremamente altos de ansiedade, perto de atender aos critérios para receber um diagnóstico de transtorno de ansiedade.
Em outras palavras, alguém com ansiedade de alto funcionamento pode apresentar sintomas como se preocupar muito, dormir mal e ter pensamentos acelerados, mas continua cumprindo suas responsabilidades.
Para ser oficialmente diagnosticado com um transtorno de ansiedade é preciso apresentar alguns sintomas por um tempo prolongado. Isso inclui sentir-se ansioso e preocupado na maioria dos dias, por pelo menos seis meses, além de exibir outros sinais como inquietação, problemas para dormir, tensão muscular e irritabilidade.
Esses problemas precisam causar sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo para justificar um diagnóstico. "Geralmente, um diagnóstico psiquiátrico é feito quando alguém tem 'deficiência funcional'", comenta David Roane, presidente de psiquiatria do Hospital Lenox Hill. Mas a dificuldade de funcionamento nem sempre é óbvia: "Às vezes você tem que cavar bastante para ver como [a ansiedade] está afetando o desempenho do trabalho, da família ou do relacionamento".
Definir a ansiedade de alto funcionamento concretamente é complicado. Para começar, existem muitos tipos diferentes de ansiedade. Por exemplo, se você tem uma fobia – um tipo de transtorno de ansiedade – você pode ter medo de cobras ou medo de sair de casa (também conhecido como agorafobia). Além disso, pessoas diferentes podem lidar com diferentes níveis de ansiedade antes que ela passe a interfirir na vida diária.
Há também o fato de que a sociedade tolera e até incentiva o trabalho em excesso e o estresse. "Há momentos em que a ansiedade é muito motivadora, muito facilitadora", avalia Carmen Tebbe Priebe, psicóloga esportiva da Universidade de Iowa. "Isso faz com que as pessoas trabalhem duro, então pode parecer que estão funcionando bem, mas nem sempre estão falando tudo o que está acontecendo."
Mesmo que seus sintomas de ansiedade não estejam interferindo em sua produtividade no trabalho ou em seu status de relacionamento, eles ainda podem ser problemáticos se prejudicarem sua qualidade de vida geral.
Tratar os sintomas de ansiedade – mesmo que eles não atendam aos critérios para um transtorno – pode ajudá-lo a viver uma vida mais satisfatória e com menos sofrimento.
O tratamento típico para a ansiedade é a terapia cognitivo-comportamental ou algum outro tipo de psicoterapia, às vezes em combinação com medicamentos. Mas você não precisa se comprometer em passar a vida no sofá do terapeuta para melhorar: casos menos graves requerem menos tempo de terapia.
As ferramentas fornecidas durante o processo terapêutico para lidar com a ansiedade incluem aprender a identificar pensamentos catastróficos (como, por exemplo, reagir a pequenos erros com pensamentos como "Vou perder o emprego!") e a enfrentar seus medos.
Técnicas de atenção plena e relaxamento, bem como atividade física regular, também podem ajudar muito, e até substituir o uso de medicamentos em alguns casos. O importante é que quanto mais cedo você trabalhar na redução dos sintomas de ansiedade de alto funcionamento, mais fácil será deixar os sintomas para trás.
Fonte: Health
