Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h35 - Atualizado às 23h55
Todo mundo vive se queixando da ansiedade, mas um estudo traz uma nova visão sobre o problema: segundo pesquisadores franceses, ansiosos teriam mais recursos para lidar com situações de ameaça. E isso teria sido útil para a sobrevivência da nossa espécie.
O trabalho, publicado na revista eLife, identifica regiões específicas do cérebro envolvidas com a sensação e indica que, graças a esses recursos, os seres humanos são capazes de detectar ameaças em apenas 200 milissegundos. Os ansiosos os mais rápidos nesse processamento, e por isso teriam aquela sensação por vezes parecida com um “sexto sentido”, capaz de salvar vidas.
A conclusão foi tirada a partir da análise de sinais elétricos dos cérebros de 24 voluntários, que tiveram que olhar diversas imagens e decidir se os rostos expressavam raiva ou medo. A percepção mudava bastante quando a direção do olhar era para o participante. Ao todo, mais de 1.000 testes foram realizados.
A equipe, do Instituto Francês de Saúde e Pesquisas Médicas e da Escola Normal Superior de Paris, descobriu, ainda, que indivíduos ansiosos detectam o perigo em uma região diferente da que é acessada por quem é mais relaxado.
Diante de uma situação crítica, os ansiosos acessam regiões do cérebro responsáveis pela ação, enquanto os mais tranquilos processam ameaças em circuitos sensoriais, associados ao reconhecimento de rostos.
Até então, os pesquisadores acreditavam que a ansiedade seria uma hipersensibilidade aos sinais de ameaça. Mas, de acordo com estudo, existe uma diferença mais profunda entre indivíduos com e sem ansiedade. Esse entendimento pode, no futuro, resultar em tratamentos mais eficazes para quem experimenta o tal “sexto sentido” constantemente, sem necessidade.