Estudo pode levar a tratamentos para evitar prejuízos ao sistema reprodutivo
Redação Publicado em 28/02/2025, às 10h00
Antioxidantes que dão às frutas e flores suas cores vibrantes parecem neutralizar alguns dos efeitos mais perigosos da exposição aos microplásticos no sistema reprodutivo, como a redução da fertilidade, segundo uma pesquisa recente. Além disso, esses compostos podem ser utilizados no desenvolvimento de tratamentos no futuro.
O estudo focou na toxicidade reprodutiva dos microplásticos e nos compostos vegetais chamados antocianinas, encontrados em grande quantidade em frutas e vegetais.
O trabalho foi uma revisão da literatura científica sobre antocianinas. Os resultados indicam que esses compostos provavelmente oferecem proteção contra diversos impactos dos plásticos nos hormônios, incluindo a redução dos níveis de testosterona e estrogênio, a diminuição da contagem e qualidade dos espermatozoides, a disfunção erétil e danos aos ovários.
“A busca por compostos naturais para neutralizar esses efeitos prejudiciais continua, e as antocianinas estão surgindo como uma candidata promissora”, escreveram os autores do estudo, ligados à Finland-China Food and Health Network.
Microplásticos são minúsculas partículas de plástico adicionadas intencionalmente a produtos de consumo ou resultantes da degradação de plásticos maiores. Essas partículas contêm até 16.000 produtos químicos plásticos, dos quais milhares, como o BPA, ftalatos e PFAS, representam sérios riscos à saúde.
A substância foi encontrada em todo o corpo humano e é um neurotóxico capaz de atravessar as barreiras placentária e cerebral. Está associada a um maior risco de ataque cardíaco e câncer, em parte porque pode se alojar nos tecidos ou alterar a microbiota intestinal, aumentando a inflamação no corpo. Pesquisas recentes relacionaram a inflamação à insuficiência cardíaca congestiva, e os antioxidantes podem, em teoria, mitigar problemas em outros sistemas também.
No sistema reprodutivo, microplásticos foram encontrados nos testículos e no sêmen. Em mulheres, foram detectados no tecido ovariano, na placenta, no leite materno e em fetos.
Nos homens, muitos dos problemas surgem da capacidade dos microplásticos de atravessar a barreira hemato-testicular, causando inflamação nos tecidos. Algumas antocianinas demonstraram melhorar a contagem de espermatozoides, o peso dos testículos e a espermatogênese – um passo crítico no desenvolvimento dos espermatozoides – ao proteger a integridade da barreira hemato-testicular, impedindo que os microplásticos penetrem nos tecidos.
Pesquisadores observaram que camundongos expostos a microplásticos e posteriormente tratados com antocianinas apresentaram melhora na qualidade do esperma, incluindo aumento na contagem e motilidade dos espermatozoides, além de uma redução geral nos danos testiculares devido à ação dos antioxidantes.
O novo estudo também destacou pesquisas que apontam que alguns microplásticos reduzem os níveis de testosterona ao afetar as células de Leydig, responsáveis pela produção desse hormônio. As antocianinas parecem ajudar a restaurar a produção de testosterona e proteger essas células.
Nas mulheres, os impactos na fertilidade e no desenvolvimento sexual podem ser reduzidos pelo efeito protetor das antocianinas nos receptores hormonais contra substâncias químicas plásticas como bisfenol, ftalatos e cádmio. Esses compostos podem imitar hormônios ou desencadear respostas hormonais anormais.
Microplásticos no tecido ovariano causam inflamação, que parece reduzir os níveis de estrogênio e outros hormônios. Pesquisas demonstraram que tratar ratos expostos a microplásticos com antocianinas protegeu o tecido ovariano e normalizou os níveis hormonais.
“As propriedades antioxidantes [das antocianinas] ajudam a preservar a função ovariana e potencialmente a manter a fertilidade, destacando seu potencial terapêutico no tratamento de danos aos ovários”, concluíram os autores do estudo.
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