Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h56 - Atualizado às 23h53
O uso excessivo do smartphone tem sido um problema para muita gente, mas muitas iniciativas também demonstram que a tecnologia pode ser útil no tratamento de transtornos psiquiátricos. Um aplicativo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, pode ajudar pessoas que sofrem de transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e têm manias ligadas a limpeza, como o medo exagerado de se contaminar com sujeira ou bactérias.
Cerca de 46% dos pacientes que sofrem de TOC têm obsessões e compulsões ligadas a limpeza, também chamada de “germofobia”. Essas pessoas costumam lavar as mãos o tempo todo, muitas vezes com produtos fortes, causando irritação e sangramentos na pele. O impacto do transtorno é tão grande que, muitas vezes, é difícil manter um emprego.
O tratamento costuma envolver o uso de antidepressivo e também terapias que envolvem a exposição gradativa do indivíduo ao que lhe provoca aflição, sempre em um ambiente controlado. Uma pessoa com mania de limpeza, portanto, pode ser orientada a tocar em algo no banheiro sem lavar as mãos em seguida, tudo com a presença do terapeuta. Muitos pacientes acham o método estressante, o que os afasta das consultas.
Os comportamentos repetitivos também estão associados a uma dificuldade de se adaptar a novas situações ou regras. Por isso, uma das estratégias para ajudar pessoas com TOC é desenvolver o que os especialistas chamam de flexibilidade cognitiva. É com base nisso que os pesquisadores desenvolveram o aplicativo, que envolve colocar os pacientes para assistir imagens de si próprios lavando as mãos ou mexendo em alguma superfície contaminada fake.
De acordo com estudo publicado na revista Scientific Reports, que contou com 93 pessoas com sintomas leves de “germofobia”, apenas uma semana de uso do aplicativo trouxe melhora significativa dos sintomas. Ainda são necessárias mais pesquisas para que o aplicativo seja disponibilizado para qualquer interessado.