Segundo estudo, a crença de que uma família sem pai não é bom para a criança se baseia em pesquisas com pais divorciados
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h48 - Atualizado às 23h54
Um estudo mostra que crianças nascidas de mães solteiras por opção não têm qualquer prejuízo em termos de relacionamento ou desenvolvimento quando comparadas às que têm pai e mãe. Além disso, o trabalho mostra que essas mães acabam tendo uma rede de apoio social maior, o que pode explicar o primeiro resultado.
A pesquisa foi feita no Centro Médico da Universidade VU, em Amsterdã, na Holanda, e contou com 69 mães solteiras por opção, além de 59 mães com parceiros e dois filhos com idades entre 1,5 e 6 anos.
A análise mostrou que não houve diferenças significativas entre as famílias, em termos de envolvimento emocional ou estresse parental. As mães solteiras por opção apresentaram pontuações mais altas no quesito suporte social. Por último, não houve diferenças entre as crianças no que se refere a problemas de comportamento e bem-estar.
De acordo com os autores do estudo, coordenados pela pesquisadora Mathilde Brewaeys, muitos especialistas acreditam que crescer em uma família sem pai não é bom para a criança porque se baseiam em pesquisas feitas com pais divorciados, ou seja, famílias que enfrentaram conflitos. São poucos os trabalhos científicos que envolvem solteiras por opção.
Em geral, a maioria dessas mães gostaria de ter dado um pai para seus filhos, mas, diante do avanço da idade e da ausência de um parceiro estável, decidiram assumir a tarefa sozinhas. A maioria das mulheres, no estudo, era financeiramente estável, tinha educação superior e já havia experimentado relacionamentos estáveis no passado.
Tratamentos de fertilidade para mulheres solteiras, hoje em dia, estão disponíveis na maioria dos países europeus. Eles são feitos com esperma doado. Para os pesquisadores, é importante que essas mães sejam estimuladas a buscar apoio social da família e da comunidade para que tenham suporte adequado ao criar a criança. Mas elas podem ficar tranquilas em relação ao desenvolvimento emocional dos filhos.
Os resultados foram apresentados na 33ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.