Estudo com mais de 18 mil pessoas mostra que enfrentar poucos conflitos familiares na juventude evita o transtorno na meia-idade
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h58 - Atualizado em 21/10/2019, às 20h05
Ter um bom relacionamento com a família durante a adolescência protege as pessoas de sintomas depressivos anos mais tarde, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (7).
O trabalho contou com mais de 18 mil indivíduos de ambos os sexos acompanhados desde o início da adolescência até os 40 anos de idade. A análise, conduzida por pesquisadores da Universidade de North Carolina, nos EUA, saiu no periódico Jama Pediatrics.
Homens e mulheres que participaram do estudo e conviveram com uma família coesa e vivenciaram menos conflitos com os pais durante a adolescência apresentaram níveis significativamente menos sintomas depressivos que os indivíduos que tiveram uma experiência menos positiva.
Apesar de as vantagens terem sido observadas em ambos os sexos, a redução dos sintomas foi um pouco maior para as mulheres do que para os homens. Por outro lado, níveis mais baixos de conflitos familiares beneficiaram os homens por mais tempo durante a vida adulta.
O estudo tem a limitação de não envolver as experiências da infância. Mesmo assim, os autores defendem que investir na melhora de relacionamento entre os jovens e seus pais pode trazer um retorno muito positivo no futuro em termos de saúde mental.
A hipótese mais aceita para explicar essa relação é que o apoio social é algo importante para promover uma resposta mais saudável para situações de estresse. Como a adolescência, por si, já é uma fase complicada, com novas responsabilidades e mudanças, ter um ambiente acolhedor em casa permite que os jovens se recuperarem mais rápido depois de um baque.
Sem essa recuperação, o indivíduo entra num estado de tensão crônico que, ao longo do tempo, pode aumentar muito o risco de depressão e outras doenças.
Família perfeita, como em propaganda de margarina, não existe. Mas isso é diferente de enfrentar conflitos o tempo todo ou ter pais ausentes. Nesse caso é fundamental procurar outras redes de apoio nos momentos de crise, como amigos de confiança, instituições ou até profissionais especializados.