Redação Publicado em 10/12/2020, às 15h12
O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (10), o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 no país. A pasta diz que, ontem, recebeu um relatório do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz/RJ - Laboratório de Referência Nacional para a doença no Brasil, - com os resultados laboratoriais de duas amostras clínicas de um caso suspeito de reinfecção da doença pelo coronavírus.
Apesar de esse ser o primeiro caso oficial do país, muitos médicos e pacientes têm relatado outras histórias de pessoas que tiveram a doença confirmada em laboratórios duas vezes, como reportado aqui no site do Dr. Jairo Bouer em novembro.
O caso anunciado pelo Ministério da Saúde é de uma profissional da área da saúde, 37 anos, que reside em Natal (RN). Ela teve a doença em junho, se curou, e teve resultado positivo novamente em outubro - 116 dias depois do primeiro diagnóstico. As análises realizadas permitem confirmar a reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2, após sequenciamento do genoma completo viral que identificou duas linhagens distintas.
De acordo com os critérios estabelecidos na Nota Técnica Nº 52/2020-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, esses resultados laboratoriais permitem confirmar o primeiro caso de reinfecção no Brasil. A nota diz que "já há relatos de casos suspeitos de reinfecção por parte das vigilâncias de alguns Estados no Brasil, que descrevem intervalos de tempo bastante variáveis entre as duas possíveis infecções".
Como o SARS-CoV-2 pode provocar eventualmente infecções por períodos prolongados de alguns meses, o sequenciamento genômico é necessário para comprovar que se tratam de infecções em episódios diversos, por cepas virais diferentes.
Jairo Bouer entrevistou, no mês passado, a estudante Danielle Cristina Souza, 20 anos, que teve o diagnóstico duas vezes, com intervalo mínimo de 90 dias, período mínimo determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que não haja risco de dois casos serem confundidos com uma única infecção persistente.
No final de junho, trabalhando como operadora de caixa em uma rede de supermercados em Blumenau (SC), Danielle começou a apresentar muita tosse. “Achei que fosse por causa da bronquite, mas surgiram sintomas como febre e perda de olfato e paladar. Fiz o exame e veio positivo. O da minha mãe também deu positivo”.
Danielle conta que usava máscara e álcool em gel o tempo todo e só se deslocava de casa para o trabalho, sendo que algumas vezes usava uma van da empresa para o transporte.
No fim de outubro, ela estava trabalhando como atendente em um café da família em Biguaçu (SC), quando começou a enfrentar febre alta (39 graus), falta de ar, dores para respirar, dores no corpo. “Mal conseguia me levantar da cama, passei meu aniversário em isolamento, sem olfato e nem paladar. Perto da segunda vez, a primeira foi uma gripezinha”.
O exame de Danielle veio novamente positivo. “Não sei como me infectei dessa vez, era, de novo, de casa para o trabalho e do trabalho para casa”, afirma.
O Ministério da Saúde alerta que o caso oficial, anunciado nesta quinta-feira, reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constantes das mãos e o uso de álcool em gel. O Governo Federal está buscando o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Anvisa, para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados.
Para a infectologista Romina Oliveira, consultora técnica em doenças infecciosas em Brasília, mesmo com a história de um diagnóstico positivo, a recomendação atual é que as pessoas mantenham o uso de máscara, sigam as medidas básicas de higiene e proteção, além de evitarem aglomerações. Ela ressalta que a imunidade ao novo coronavírus não é bem conhecida, pode variar muito de uma pessoa para outra e a segunda infecção pode ser mais grave do que a primeira.
Moral da história: "enquanto não houver vacina, tudo continua como antes e os cuidados seguem os mesmos", reitera a médica. E mesmo quem já ficou doente precisa se cuidar e proteger os outros!