A atriz revelou uma importante conversa com sua terapeuta que a ajudou a entender a depressão
Redação Publicado em 12/01/2021, às 10h18
Bruna Marquezine, de 25 anos, recentemente deu uma entrevista exclusiva à ELA e contou mais sobre sua depressão. A atriz relembrou uma lição bem importante que sua primeira terapeuta a ensinou sobre a doença.
"Ela observou que a depressão é uma porta numa parede que, até então, você via completamente branca. Era uma parede, sem nada. Uma vez que você identifica que está com um quadro depressivo, você começa enxergar essa porta, você pode até sair desse lugar, mas você nunca mais vai ver a parede totalmente branca. Sempre vai ver a porta lá. No primeiro momento, isso me destruiu! Poxa, eu preferia ver a parede branca pelo resto da vida!", conta Bruna. "Após muitas sessões de terapia, de trocar de profissional, de crescimento, de aprender e viver, eu mudei a minha opinião. Hoje, não penso mais assim. Acho bom ver a porta".
Marquezine também contou sobre sua conversa com a roteirista Natália Klein e disse que as duas falaram muito sobre a ansiedade do momento atual. "Se você não fez, já foi, já perdeu! Sempre é um desespero".
Ainda conversando com a amiga, Bruna lembrou de uma boa analogia para falar sobre depressão: "Contei para ela sobre a teoria da minha terapeuta e de quanto fiquei mal com ela na época. A Natália fez uma analogia ótima. Disse que saber que tem depressão é como você entrar num lugar, ver uma barata e ela sumir! Tem gente que não liga se ela desapareceu. Eu prefiro ter a barata no meu campo de visão do que não saber onde ela está! É melhor saber o que você pode fazer a respeito, do que você ignorar e viver apreensivo porque a qualquer hora pode ser pego de surpresa", explica a atriz.
Na entrevista, Marquezine também ressalta que cresceu sob os olhos do público e isso a fez criar um olhar muito consciente sobre a forma como as pessoas a enxergam. "O que pode estar passando pela cabeça do outro, o que o outro está vendo, o que o outro está interpretando... isso tudo é um peso, que te gera uma ansiedade", diz ela.
E, justamente por isso, ela abrir o jogo e falar sobre sua doença é tão importante, e Bruna tem consciência disso. "Quando falei sobre depressão, algumas pessoas me olharam como quem diz para não falar sobre aquilo, para guardar para mim. Eu entendo que era numa movimentação de me proteger, mas me proteger do quê? Se o maior problema era a depressão e não o olhar do outro diante do que estava enfrentando ou tinha enfrentado. Esse é um assunto constante nas minhas sessões".
– Transtorno depressivo maior: também chamado de depressão maior, unipolar ou clássica, tem como principais características a perda de interesse em atividades que eram prazerosas, apatia, perda de apetite e de peso, desânimo, desesperança, falta de energia, insônia ou sonolência excessiva, perda ou descontrole do apetite, lentidão psicomotora, sensação de luto, falta de reatividade do humor (a pessoa não reage nem a uma boa notícia), problemas de concentração, baixa autoestima, pensamentos sobre morte ou suicídio.
– Depressão atípica: recebe esse nome porque tem algumas características diferentes da depressão clássica, o que não significa que seja mais rara. Nesse tipo de depressão, existe a reatividade do humor, ou seja: a pessoa pode ficar contente quando algo de bom acontece, por exemplo. Outros sintomas comuns são o aumento do apetite (e ganho de peso), a tendência a dormir mais do que o normal, sensações de peso no corpo (principalmente nos ombros e nas costas) e uma sensibilidade exagerada à rejeição e críticas.
– Depressão persistente: a classificação se refere a todo quadro depressivo que dura mais do que dois anos. Os sintomas podem ser mais severos, como no transtorno depressivo maior crônico, mas também há casos em que são mais leves e acompanham a pessoa desde a adolescência (é o que os médicos costumavam chamar de distimia).
– Depressão sazonal: mais comum em países com inverno rigoroso, é a depressão que surge apenas nas épocas em que a exposição à luz solar diminui. Costuma envolver sono excessivo, aumento do apetite e tendência ao isolamento. O uso de caixas de luz pode ser muito útil nesses casos.
– Depressão secundária: é aquela que surge como consequência de doenças ou tratamentos médicos, como em casos de câncer ou dor.
– Depressão perinatal ou pós-parto: quadros depressivos durante e após a gravidez podem ter ligação com mudanças hormonais e aspectos psicológicos. Não confundir com o famoso “baby blues”, o estado de melancolia que muitas mulheres têm após o parto e que melhora sozinho em poucas semanas. Vale lembrar que o transtorno também pode trazer prejuízos para a criança.
– Transtorno disfórico pré-menstrual: quando os sintomas de depressão, ansiedade, mau humor, irritação intensa surgem de uma a duas semanas antes do período menstrual. É uma condição mais severa que a famosa TPM (tensão pré-menstrual) e pode comprometer o trabalho, os relacionamentos e a qualidade de vida da mulher.
– Depressão psicótica: quadro grave em que os sintomas depressivos acompanham delírios (a pessoa acredita fortemente em algo que não é verdade, como achar que tem algum superpoder ou que está sendo perseguida) e/ou alucinações (ter visões que não correspondem à realidade, ouvir vozes imaginárias, sentir cheiros que não existem ou picadas na pele, por exemplo). Pode surgir em pacientes com depressão maior (unipolar) ou bipolar.
– Depressão bipolar: é a que afeta pessoas com transtorno afetivo bipolar, em que existe a a alternância entre episódios depressivos (que podem durar semanas ou meses), e de mania ou hipomania (fases em que a pessoa fica eufórica ou irritável, “acelerada”, impulsiva, com ideias de grandeza e pode se envolver em comportamentos de risco). A depressão bipolar costuma ser grave e envolve risco maior de suicídio. O paciente com o transtorno nunca deve tomar antidepressivos isoladamente, pois esses medicamentos podem aumentar o risco de mania ou hipomania.
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