Estudo mostra que em pessoas que dormiram mal a substância teve pouco efeito em tarefas desafiadoras
Redação Publicado em 26/05/2021, às 17h00
Quem nunca teve uma noite de sono ruim e recorreu à cafeína para aguentar o resto do dia? Mas um novo estudo da Universidade Estadual de Michigan (Estados Unidos) revela que depender dessa substância para enfrentar esse tipo de situação nem sempre é a solução.
Os autores avaliaram a eficácia da cafeína na neutralização dos efeitos negativos da privação de sono na cognição e descobriram que ela pode ajudar, mas só até certo ponto. A pesquisa foi publicada recentemente no Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, & Cognition.
Com objetivo de analisar o impacto da cafeína após uma noite de privação de sono, o estudo contou com 275 participantes convidados a completar uma tarefa de atenção simples e outra mais desafiadora, que exigia a conclusão de atividades em uma ordem específica e sem pular ou repetir etapas.
Segundo os pesquisadores, os resultados revelaram que a privação do sono prejudicou o desempenho de ambos os tipos de tarefas e que a cafeína ajudou as pessoas a alcançarem com sucesso a tarefa considerada mais fácil. Porém, a substância teve pouco efeito no desempenho da missão mais desafiadora para a maioria dos participantes.
Os achados mostraram que a cafeína melhora a capacidade de ficar acordado e atender a uma tarefa, mas não é eficaz para evitar, por exemplo, erros processuais em tarefas mais elaboradas que podem causar danos, como equívocos médicos e acidentes de carro.
A equipe explicou que o sono insuficiente é algo generalizado entre os estadunidenses e esse problema se intensificou durante a pandemia de Covid-19. A falta contínua de sono adequado não só afeta a cognição e altera o humor, mas pode, eventualmente, ter um peso para o sistema imunológico também.
Embora as pessoas, muitas vezes, sintam que a cafeína pode combater os efeitos negativos da privação de sono – aumentando a energia, reduzindo a sonolência e, até mesmo, melhorando o humor – , ela não é capaz de substituir uma noite inteira bem dormida e o desempenho em tarefas de nível alto, provavelmente, será prejudicado.
Para os pesquisadores, se tivessem descoberto que a cafeína reduziu de forma significativa os erros processuais em condições de sono insuficiente, isso teria implicações amplas para pessoas que precisam realizar procedimentos de alto risco mesmo após uma noite ruim, como cirurgiões, pilotos e policiais. Em vez disso, o estudo mostra a importância de sempre priorizar o sono e alerta sobre como essa privação pode ser perigosa.
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