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Câncer de pulmão: tomografia computadorizada reduz mortalidade

O câncer do pulmão de células não pequenas em pessoas que nunca fumaram é observado mais frequentemente em mulheres - iStock
O câncer do pulmão de células não pequenas em pessoas que nunca fumaram é observado mais frequentemente em mulheres - iStock

Publicado pelo The New England Journal of Medicine, um estudo europeu apontou que a triagem com tomografia computadorizada de baixa dose de radiação reduz em 20% as taxas de mortalidade por câncer de pulmão. Este tipo de câncer é o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. O ensaio clínico foi composto pela análise de resultados de triagens de 53.454 participantes de alto risco inscritos em 33 centros médicos nos EUA e apontou que o exame detecta grande parte dos tumores em estágios iniciais.

Os participantes foram escolhidos, aleatoriamente, para receber anualmente, durante três anos, uma tomografia computadorizada (TC) de baixa dose ou radiografia de tórax. Os resultados demonstraram que houve uma redução relativa na mortalidade por câncer de pulmão com triagem por tomografia computadorizada de baixa dose em 20,0% e redução na mortalidade por qualquer causa em 6,7%.

Para Eserval Rocha Júnior, cirurgião toráxico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, as soluções atuais, principalmente com reconstruções 3D de imagens médicas, ajudam não só na otimização do tempo ao identificar um tumor, mas também na análise de variáveis e padrões específicos do paciente para uma melhor condução de possíveis cirurgias. Projetada para reconstruções tridimensionais de imagens médicas provenientes de exames de tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-CT, as soluções 3D possuem características como reconstruções precisas e avançadas, diversidade de aplicativos para análise e visualização em diversas áreas clínicas, tecnologia de reconhecimento de imagens, inteligência artificial para diagnósticos ágeis e fluxos de trabalho otimizados para colaboração interdisciplinar. Além disso, oferece recursos inovadores para o planejamento cirúrgico, incluindo simulações pré-operatórias para garantir cirurgias mais seguras e precisas.

Viviane Ferraresi Marcondes de Carvalho, especialista em Aplicações Clínicas de Sistemas Médicos da Fujifilm explica que a utilização de TC com reconstruções em 3D proporciona vantagens adicionais, como treinamento virtual, redução de riscos, comunicação eficaz com pacientes, avaliação de resultados e economia de tempo e recursos. É uma solução completa e inovadora para processamento de imagens médicas e simulação cirúrgica, sendo uma ferramenta essencial para profissionais de saúde em todo o mundo.

Comunicação integrada

A otimização do tempo e precisão de diagnóstico são apenas algumas das vantagens de TC com imagens 3D. Adriano Tachibana, médico radiologista e gerente médico no Einstein, comenta que as soluções trouxeram uma ponte de comunicação mais integrada entre o profissional de radiologia e o cirurgião, assim como um time de futebol, um profissional em comunicação total com o outro. Dessa forma, o atendimento ao paciente é rápido, empático e assertivo.

A detecção precoce aumenta as chances de detectar tumores em estágio inicial que podem ser passíveis de cirurgia menos invasiva. Neste contexto, um planejamento cirúrgico preciso com novas tecnologias como as simulações por reconstrução tridimensional auxilia no sucesso do procedimento.

A criação de modelos 3D detalhados auxilia os cirurgiões no planejamento preciso da cirurgia, permite testar diferentes cenários e simular complicações antes da cirurgia real, melhorando a segurança do paciente, que por sua vez, também pode ter acesso a esses modelos.

Cigarro, de longe, o maior fator de risco

Segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional do Câncer) de 2023, o câncer de pulmão, é o terceiro mais comum em homens (18.020 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (14.540 casos novos) - sem contar o câncer de pele não melanoma. Também, como foi dito, é o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. Em mortalidade é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres segundo estimativas mundiais de 2020, que apontaram incidência de 2,2 milhões de casos novos, sendo 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres.

“O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015 diminuiu 3,8% ao ano em homens e, 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na prevalência do tabagismo”, informa o site do Inca.

Ele também informa que outro fator de importância está relacionado à exposição a agentes carcinogênicos (asbesto, arsênico, berílio, cádmio, etc.) no trabalho. A Organização Internacional do Trabalho estima que 17 a 29% dos casos de câncer de pulmão estejam relacionados a exposição ocupacional. O risco está relacionado ao tempo de exposição, ao ambiente de trabalho e a fatores genéticos.

Crescendo entre não-fumantes

Vários estudos já documentaram a taxa crescente de câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Um estudo de 2017 publicado no Journal of the National Cancer Institute descobriu o que parece ser um verdadeiro aumento no câncer de pulmão em nunca fumantes. Os pesquisadores analisaram o câncer de pulmão de células não pequenas em nunca fumantes em três centros de câncer diferentes nos EUA.

A incidência de câncer de pulmão em nunca fumantes aumentou de 8% no período entre 1990 a 1995, para 14,9% no período entre 2011 a 2013. Não se acreditou que este aumento se devesse a um aumento da proporção de nunca fumadores versus fumadores/ex-fumadores.

Mulheres adultas jovens que nunca fumaram

O câncer do pulmão de células não pequenas em pessoas que nunca fumaram é observado mais frequentemente em mulheres, sendo 17,5% em comparação com 6,9% de homens. Esta diferença não foi observada entre pessoas com câncer de pulmão de pequenas células.

Um estudo de 2017 no Reino Unido também encontrou um verdadeiro aumento na incidência de câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram. Ao longo de um período de seis anos, houve mais que o dobro da frequência anual de câncer de pulmão em nessa população, aumentando de 13% em 2008 para 28% em 2014. Semelhante ao estudo dos EUA, este aumento não se deveu apenas ao aumento da proporção de pessoas que nunca fumaram, mas a um aumento real no número de casos.

Embora haja especulações sobre o aumento do câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram, há poucas respostas sólidas sobre as possíveis causas. À medida que a conscientização melhora e mais pessoas percebem que o câncer de pulmão pode acontecer e acontece com qualquer pessoa que tenha pulmões, é provável que as causas potenciais sejam avaliadas com maior profundidade a partir de agora.

Fontes: Fujifilm / Inca / Verywell Health

Cármen Guaresemin

Cármen Guaresemin

Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão.  @Carmen_Gua