Redação Publicado em 19/02/2023, às 10h00
Certas formas de bullying são mais relacionadas a sentimentos de tristeza ou desespero e tentativas de suicídio, de acordo com um novo estudo publicado esta semana na revista de acesso aberto PLOS ONE por pesquisadores da Universidade Drake nos EUA. Segundo o trabalho, a correlação é maior quando os adolescentes são agredidos por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
O bullying é um problema comum nas escolas – pesquisas estimam que até 30% dos jovens norte-americanos sofram bullying. Por aqui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 23% dos alunos são vítimas. E cada vez mais estudos mostram que ser humilhado ou agredido dessa forma pode ter efeitos duradouros no bem-estar, na saúde e na vida social dos jovens.
Para chegar às conclusões, os autores do estudo atual usaram dados de uma pesquisa sobre jovens de Iowa de 2018, um amplo questionário oferecido a cada dois ou três anos para alunos de 11 a 17 anos de idade de escolas públicas naquele estado. Eles analisaram 70.451 respostas validadas para extrair correlações entre saúde mental e ocorrência de bullying.
Veja as principais descobertas obtidas pelos pesquisadores nessa análise:
- Alunos que relataram ter sofrido agressões físicas e aqueles humilhados por causa da religião que seguiam não eram mais propensos a relatar sentimentos de tristeza ou desesperança do que os alunos que não relataram bullying.
- Já o bullying relacionado à orientação sexual ou identidade de gênero, como piadas e comentários sexuais, foi correlacionado a tristeza e desesperança de maneira consistente, bem como a tentativas de suicídio.
- Cyberbullying (assédio virtual), bullying social (agressões que afetam a reputação e os relacionamentos da pessoa) e bullying racial também apresentaram correlações significativas com sofrimento mental e tentativas de suicídio.
Na visão dos pesquisadores, diferentes tipos de bullying têm diferentes correlações com a saúde mental. Eles sugerem que compreender melhor essas questões pode ajudar a moldar estratégias de prevenção nas escolas.
De qualquer forma, não dá para dizer que uma agressão é menos grave do que outra. Como dizem os autores:
“O bullying dói. Machuca a vítima e também o agressor. Ninguém sai melhor da experiência”.
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