Afinal, por que é tão importante falar sobre pedras nos rins?
Precisamos falar desse assunto porque 5% da população brasileira apresenta esta condição. Além disso, vivemos em um país solar, em que a ingestão de água é mandatória, embora, muitas vezes, este hábito passe despercebido. Em 2017 um estudo demonstrou que, nas principais capitais brasileiras, pouco mais da metade das pessoas ingeria a quantidade ideal de líquidos por dia.
Estima-se que o brasileiro consuma em média 9,34 g de sal por dia, o que é quase o dobro dos máximos 5 g por dia estabelecidos como dentro do limite considerado saudável.
A junção destes dois fatores – pouca água e muito sal na dieta – já são fatores promotores para a formação das pedras nos rins, também chamadas de cálculos renais.
A maior parte dos riscos para os cálculos renais estão dentro da dieta: muito salgada, com alto teor de proteína animal, com baixo teor de cálcio (isso mesmo, baixo), uso abusivo de carboidratos, pouca ingesta de frutas, verduras e legumes (que contêm citrato, um agente que “dissolve” o cálculo), ou alta ingesta de oxalato (exemplo: achocolatado).
Também condições como obesidade (que torna a urina mais ácida, que, por sua vez, estimula a formação de cálculos de ácido úrico), diabetes tipo 2, ácido úrico elevado, pós-operatório de cirurgia bariátrica, infecções urinárias frequentes por alguns tipos de bactérias, hipercalciúria idiopática, doenças intestinais (como Crohn e doença celíaca), hiperparatireoidismo primário, hiperoxalúria primária, acidose tubular renal distal, síndrome de Bartter, cistinúria e alterações anatômicas da via urinária (como rim em ferradura, estenose da junção entre ureter e pelve renal e rins policísticos) são caracteristicamente associadas aos cálculos de rins.
Pode-se perceber, portanto, que os ataques de pedras nos rins ocorrem também em decorrência de doenças que podem não ter sido diagnosticadas previamente. Então, para evitar as pedras é importante:
- perder peso;
- suspender o uso de quaisquer medicações que levam à formação de cálculos (exemplo: topiramato);
- ingerir de 2,5 a 3 litros de água por dia (uma boa base de cálculo é 35 ml/kg de peso);
- evitar embutidos, enlatados, temperos e molhos prontos, conservas, queijos amarelos, salgadinhos. Não usar saleiro à mesa;
- evitar proteínas em excesso;
- consumir 4 a 5 porções de leite ou derivados ao dia;
- evitar excesso de carboidratos e preferir alimentos integrais;
- ingerir com moderação: café, achocolatado, chá preto, nozes, amendoim, marisco e frutos do mar;
- evitar suplementos vitamínicos sem a receita médica (excessos de vitamina D e C podem contribuir para a formação das pedras).
E, finalmente, consultar um nefrologista, que pode avaliar se há condições que são facilitadoras da formação do cálculo renal, principalmente se você tiver história familiar de cálculo renal.
*Caroline Reigada é médica nefrologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e residência em nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro
Caroline Reigada
Médica nefrologista, especialista em medicina interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Também é especialista em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo