Jairo Bouer esclareceu questões durante participação no programa Encontro com Fátima Bernardes
Redação Publicado em 21/05/2021, às 19h00
A dependência química é uma questão que afeta não só o indivíduo, mas também toda a família e as pessoas que fazem parte do seu convívio. Durante a participação no programa Encontro com Fátima Bernardes nesta quinta-feira (20), na TV Globo, o psiquiatra Jairo Bouer deu algumas dicas sobre como identificar e ajudar quem sofre com o problema.
Muitas famílias ficam envergonhadas de ter um parente dependente químico por acreditarem que essa situação tenha sido causada por uma falha na educação. Além disso, acham que conversar sobre drogas com os filhos novos – seja na infância ou na adolescência – pode despertar uma certa curiosidade e uma vontade de experimentar.
Jairo Bouer explicou que, apesar desses receios, é muito importante conversar sobre o uso de substâncias químicas. “A conversa é um dos pontos centrais quando a gente fala de uma família que pode ajudar, que está atenta e, de alguma forma, está presente no dia a dia desses jovens. Quanto antes existir essa conversa, melhor e maior o efeito protetor”.
Em geral, as primeiras experiências com drogas acontecem na adolescência. Assim, estabelecer um diálogo vai muito mais abrir um canal de comunicação entre pais e filhos do que despertar a curiosidade e o interesse dos jovens.
Além disso, o psiquiatra enfatizou que também é importante controlar. “Principalmente nessa faixa etária dos 13 e 14 anos, a família deve estar atenta, saber aonde vai, com quem vai e como volta. Parece um controle excesivo, mas não é. É um jeito de estar presente, de estar junto e possibilitar o diálogo correto”.
As drogas são muito diferentes e cada uma pode produzir algum tipo de efeito ou alteração particular. O impacto dessas substâncias também pode mudar de pessoa para pessoa e, muitas vezes, basta uma única experiência para tornar o indivíduo um dependente químico. Confira alguns sinais gerais que podem ajudar na identificação de pessoas que consomem algum tipo de droga:
#1 Alterações do comportamento
A pessoa fica diferente, os comportamentos mudam e chamam atenção. Se ela era alegre, por exemplo, ela torna-se mais triste.
#2 Agitação permanente
Esse é um dos efeitos mais comuns de vários tipos de substâncias químicas. A pessoa fica em um estado de agitação psicomotora, uma inquietação constante, não consegue parar quieta, está sempre em alerta, prestando atenção e há uma tensão no ar.
#3 Isolamento
Muitas vezes, o indivíduo tende a ficar mais isolado e perde interesse em atividades que antes ele achava extremamente prazerosas
#4 Relacionamentos conturbados
O indivíduo mantinha um relacionamento saudável e tranquilo com pessoas do convívio dela – mãe, pai, irmãos, amigos, namorado (a) – e, de repente, tudo ficou confuso e conturbado.
#5 Mentiras, endividamentos e manipulações
Drogas custam dinheiro e, caso a pessoa não tenha o suficiente, ela busca outros caminhos: endivida-se, vende coisas de casa e se envolve em atividades ilícitas, como roubo. Jairo explica que “isso não é questão de falta de caráter. O problema é que o uso da droga se impõe sobre o indivíduo, isto é, ele não tem controle, então acaba fazendo de tudo para ter acesso à substância”.
#6 Queda de rendimento
Começa a faltar no trabalho, na escola e em outras atividades diárias.
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