Redação Publicado em 07/05/2021, às 19h02
Sintomas depressivos são mais comuns em meninas adolescentes do que em seus pares masculinos. Entretanto, a saúde mental dos meninos parece ser mais afetada se eles sofrem de obesidade. Essas são descobertas de uma pesquisa realizada pela Universidade de Uppsala (Suécia).
O estudo, que monitorou adolescentes por seis anos e foi publicado recentemente no Journal of Public Health, revelou ainda que, independente do sexo, o bullying é um fator de risco consideravelmente maior em comparação ao excesso de peso para o desenvolvimento de sintomas depressivos.
De acordo com os autores, o objetivo da pesquisa era investigar a conexão entre o índice de massa corporal (IMC) e sinais de depressão, além de observar com mais profundidade se ser submetido a práticas de bullying afeta essa relação ao longo do tempo e se havia alguma diferença de gênero.
Para realizar as análises, jovens nascidos em uma cidade da Suécia responderam uma série de perguntas sobre altura, peso e sintomas depressivos em três anos distintos (2012, 2015 e 2018). A média de idade dos entrevistados foi de 14,4 anos na primeira ocasião e 19,9 na última.
Baseados no IMC, os adolescentes foram divididos em três grupos: aqueles com peso normal, sobrepeso e obesidade, respectivamente. Eles também foram agrupados de acordo com a extensão de seus sintomas depressivos.
No geral, independentemente do peso, as adolescentes do sexo feminino afirmaram com mais frequência apresentar sintomas depressivos. Em 2012, eram 17% das meninas e 6% dos meninos. Em 2015, as proporções subiram para 32% e 13%, respectivamente. Já em 2018, os números foram para 34% e 19%.
Um IMC mais elevado não afetou, tanto quanto esperavam os pesquisadores, o bem-estar mental das meninas. Porém, entre os adolescentes do sexo masculino o padrão observado foi totalmente diferente.
Segundo os autores, os meninos com obesidade em 2012 apresentaram cinco vezes mais chances de terem sintomas depressivos em 2015, quando comparados a seus pares com peso normal.
Os jovens entrevistados também foram questionados sobre o bullying: se haviam sido fisicamente expostos a golpes e chutes, provocados ou excluídos, submetidos a cyberbullying ou intimidados por algum adulto na escola.
Em todas as análises, a exposição ao bullying esteve associada a um risco maior de sintomas depressivos. Essa relação também ficou evidente seis anos depois, especialmente em meninos com excesso de peso. Acredita-se que esses resultados indicam uma diferença de gênero na forma como o IMC e o bullying impulsionam juntos o desenvolvimento de sintomas depressivos no futuro.
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