Redação Publicado em 19/07/2021, às 16h05
Em um artigo publicado no periódico Neuropsychopharmacology, líderes do National Institutes of Health (NIH) – Institutos Nacionais de Saúde, em português – abordaram como o uso de uma linguagem adequada para descrever transtornos mentais e vícios pode reduzir o estigma e, consequentemente, melhorar a forma como pessoas com essas condições são tratadas em ambientes de saúde e em toda a sociedade.
De acordo com os autores, mais de uma década de pesquisas tem mostrado que o estigma (uma marca objetiva que recebe uma valoração social negativa), contribui significativamente para os desfechos negativos de saúde e pode representar uma barreira para a busca de tratamento de quem convive com trantornos mentais ou de uso de substâncias.
A publicação revelou que 35% das pessoas com problemas de saúde mental graves nos Estados Unidos e quase 90% das com transtornos de uso de substâncias não recebem tratamento.
Para os pesquisadores, a existência de estigma entre médicos pode contribuir para uma mentalidade avessa ao tratamento e para o cuidado clínico falho, incluindo a não implementação de métodos comprovados e eficazes.
Além disso, quando uma pessoa com transtorno mental ou abuso de substâncias continua a experimentar e a conviver com o estigma, ela pode começar a internalizá-lo. Assim, esse “autoestigma” leva à baixa autoestima e a sentimentos que podem se tornar uma fonte contínua de angústia, aumentando ainda mais os sintomas e criando barreiras para o sucesso do tratamento.
Confira:
Os esforços para reduzir os estigmas podem diminuir também a carga psicológica que é colocada em cada indivíduo, sendo um componente importante da remoção de bloqueios ao cuidado.
Os autores destacam ainda estudos que mostram como o uso de "linguagem cientificamente precisa" e de termos "que centralizam a experiência dos pacientes" com transtornos mentais e por uso de substâncias são componente-chave para reduzir o estigma.
Eles argumentam que uma mudança na linguagem é crucial para mobilizar recursos para serviços de saúde mental e dependência química e acabar com os preconceitos que impedem as pessoas que precisam desses serviços de procurá-los ou recebê-los.
Embora o estigma seja difícil de eliminar, eles afirmam que alterar a linguagem que usamos para descrever essas condições pode fazer uma diferença significativa e imediata para quem convive com elas.
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