Estudo confirma impacto das plataformas no interesse por procedimentos estéticos
Tatiana Pronin Publicado em 05/03/2024, às 09h00
Redes sociais têm sido fundamentais na perpetuação da cultura do "selfie", em que um indivíduo tira e compartilha uma foto de si mesmo. Globalmente, o uso dessas plataformas vem aumentando, com pelo menos 3,5 bilhões de usuários estimados em 2019, sendo que cada adulto tem dedicado cerca de 6 horas por dia na internet.
Uma consequência particularmente preocupante do aumento do uso de redes sociais é o efeito que isso tem na percepção corporal e na autoestima. O ângulo das selfies, por exemplo, muitas vezes distorce as características faciais de uma maneira que leva à insatisfação.
Profissionais da área de cirurgia plástica relatam um fenômeno apelidado, nos EUA, de "dismorfia do Snapchat", em que pacientes que buscam procedimentos estéticos para tentar criar versões de si mesmos como as permitidas por uso de filtros e outros recursos oferecidos pelas redes.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Boston descobriu que o tempo gasto nas redes sociais e o uso de aplicativos de edição de fotos se correlacionam com o desejo de uma pessoa de se submeter a procedimentos estéticos, e provavelmente levaram ao aumento de visitas a consultórios de estética durante a pandemia de Covid-19.
Eles também descobriram que pessoas que seguem celebridades e influenciadores, assim como aqueles que interagem com profissionais ou clínicas de cirurgia plástica, dermatologia ou outras que mostram resultados de procedimentos estéticos nas redes sociais, influenciam significativamente o desejo de realizar um procedimento estético.
Os resultados foram publicados no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology.
"Embora tenha havido um aumento no foco estético durante a pandemia de Covid, até agora não havia dados destacando uma ligação clara, ou fatores que tornassem os pacientes mais ou menos propensos a participar de tratamentos estéticos", explicou Neelam Vashi, professora associada de dermatologia e diretora do Centro de Cosmética e Laser da Universidade de Boston.
Os pesquisadores pediram a pacientes de uma clínica de dermatologia para completarem pesquisas sobre seu uso de redes sociais, bem como seu desejo de se submeter a procedimentos estéticos.
Após analisarem as respostas, os autores descobriram que o número de horas que as pessoas passavam usando Snapchat e/ou Instagram todos os dias gerava uma diferença significativa na crença de que a mídia ou as redes sociais tinham influenciado seu desejo de realizar um procedimento estético.
Além disso, foi encontrada uma associação significativa entre o uso de aplicativos de edição de fotos e os pensamentos sobre realizar um procedimento estético cirúrgico ou não cirúrgico.
Segundo os autores, este estudo indica que os profissionais devem discutir o uso de redes sociais com seus pacientes para entender melhor o desejo de se submeter a procedimentos estéticos.
Já para os usuários, fica a dica de refletir mais sobre o impacto das imagens a que somos expostos todos os dias na nossa autoestima, e questionar até que ponto um procedimento estético pode realmente fazer diferença no nosso bem-estar.
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