Redação Publicado em 22/12/2020, às 18h49
Nunca foi tão importante cuidar das nossas emoções. Especialistas têm chamado atenção para uma epidemia de ansiedade e depressão que parece ter surgido após todos esses meses de pandemia. Nesse contexto, um estudo feito por pesquisadores do Centro de Mentes Saudáveis da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, vem a calhar.
A equipe tem trabalhado com um conceito que se chama “plasticidade do bem-estar”, ou seja, a capacidade de moldarmos o nosso humor e estado de espírito com intervenções específicas, como terapia, meditação e até medidas mais simples de autocuidado.
Os pesquisadores afirmam que o bem-estar depende de quatro pilares centrais, que podem ser fortalecidos com o desenvolvimento de habilidades. Descrevemos, aqui, cada um deles:
Consciência: prestar atenção no ambiente ao redor, bem como no mundo interior (sensações corporais, pensamentos e emoções). A equipe cita um estudo com mais de 5 mil pessoas de 83 países, segundo o qual as pessoas passam cerca de 47% do tempo desperto em um estado de distração. Isso teria consequências como estresse, ansiedade e prejuízos para a função executiva (concentração, raciocínio e memória).
Técnicas de meditação, que ensinam a pessoa a redirecionar a atenção para algo como a própria respiração toda vez que a mente começa a vagar, podem ser úteis nesse aspecto, bem como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e suas variantes, que ajudam na autorregulação emocional.
Conexão: valorizar a interação com as outras pessoas, desenvolver a gratidão e a compaixão. Vários estudos demonstram os benefícios dos relacionamentos para a saúde mental e física. No espectro oposto, pessoas que consideram os outros como uma ameaça tendem a sentir mais solidão e sofrimento emocional.
Os pesquisadores sugerem que se aprenda a focar nas qualidades positivas das outras pessoas e exercitar a empatia (se colocar no lugar do outro). Eles também mencionam os benefícios de tipos de meditação voltados para a compaixão.
Autoconhecimento: curiosidade em entender como pensamentos, emoções e crenças moldam a nossa identidade e nossas experiências subjetivas. Esses insights ajudam a reconhecer de onde vem sensações como medo ou o desconforto diante de alguém, por exemplo. Crenças rígidas demais podem afetar a autoestima e levar a transtornos como anorexia, bulimia, depressão.
O segredo para se conhecer melhor é se questionar sempre: por que estou me sentindo assim? Será, mesmo, que essa pessoa quer o meu mal? Será que sou tão ruim? Essas observações e questionamentos também são a matéria-prima dos diferentes tipos de psicoterapia.
Propósito: senso de clareza sobre objetivos, valores e motivações. Ter metas, por mais simples que sejam, bem como acreditar em qualidades pessoais, como paciência e bondade, ajuda a dar sentido à vida e a orientar o nosso comportamento para que desafios sejam superados.
Ter um propósito aumenta a resiliência (tolerância o estresse) e a adesão a hábitos saudáveis, como fazer exercícios, economizar dinheiro e ter uma dieta saudável. Baixos níveis de propósito já foram associados a transtornos emocionais, segundo estudos citados pelos pesquisadores.