Estudo sueco revela que o contato físico pode reduzir em 25% a mortalidade de recém-nascidos
Redação Publicado em 27/05/2021, às 18h00
Um novo estudo coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e com iniciativa do Instituto Karolinska (Suécia) revelou que o contato contínuo pele a pele começando imediatamente após o parto - mesmo antes do recém-nascidos ser estabilizado – pode reduzir a mortalidade em 25% em bebês prematuros e abaixo do peso.
O toque constante pele a pele entre mãe e bebê, ou "Kangaroo Mother Care” (KMC), é uma das formas mais eficazes de prevenir a mortalidade infantil globalmente. A recomendação atual da OMS é que esse contato comece assim que um bebê abaixo do peso esteja suficientemente estável, o que, para aqueles que pesam menos de dois quilos ao nascer, pode levar vários dias.
Segundo os pesquisadores, a ideia do toque imediato após o parto para recém-nascidos muito pequenos e instáveis encontrou forte resistência, porém, cerca de 75% das mortes ocorrem antes mesmo que o bebê fosse considerado suficientemente estável.
A pesquisa analisou se o atendimento utilizando a técnica KMC logo depois do nascimento leva a taxas de sobrevida ainda melhores para bebês com peso de 1 a 1,8 kg em países de baixa e média renda. Para isso, as análises foram realizadas em cinco hospitais universitários de Gana, Índia, Malawi, Nigéria e Tanzânia, onde a mortalidade de recém-nascidos variou entre 20% e 30% (antes do estudo).
Com objetivo de melhorar e alinhar o cuidado o máximo possível entre os hospitais participantes, antes do início do estudo foi fornecido um treinamento na atenção neonatal básica e equipamentos básicos para medir os níveis de oxigênio dos bebês e fornecer ventilação assistida. As instituições também foram treinadas para realizar o contato seguro pele a pele com bebês instáveis.
No estudo, 3.211 bebês foram aleatoriamente divididos em dois grupos: um que recebeu o KMC e manteve um contato contínuo pele a pele na unidade neonatal – onde as mães também receberam os devidos cuidados médicos – e o grupo controle que obteve os cuidados padrão, sendo mãe e filho atendidos em unidades separadas, reunindo-se apenas no momento da amamentação.
Assim que os recém-nascidos se estabilizaram o suficiente, mães e bebês de ambos os grupos foram transferidos para a unidade regular do KMC. Durante as primeiras 72 horas, os bebês do grupo do toque contínuo receberam aproximadamente 17 horas de contato pele a pele por dia, em comparação com 1,5 horas no grupo controle.
A mortalidade nos primeiros 28 dias foi de 12% no grupo KMC, em comparação a 15,7% no grupo controle, o que corresponde a uma redução de 25%. Além disso, também houve uma queda significativa do número de bebês com baixa temperatura corporal ou intoxicação sanguínea bacteriana.
Para os pesquisadores, a principal mensagem da pesquisa é que recém-nascidos abaixo do peso devem receber o contato pele a pele imediatamente após o nascimento e, posteriormente, mãe e bebê devem ganhar os cuidados necessários juntos. Os resultados sugerem ainda que esse modelo, que por si só não exige recursos, pode ter efeitos significativos na saúde.
Segundo a equipe, estima-se que o método KMC tem o potencial de salvar mais de 150.000 bebês pequenos a cada ano. A OMS está em processo de revisão de suas recomendações atuais sobre cuidados maternos do tipo “cangurus”, publicadas em 2015, à luz de novas evidências. O órgão recomenda o KMC para todos os bebês, mas o novo estudo fornece indícios importantes sobre a capacidade da aplicação imediata dessa metodologia para salvar vidas de bebês prematuros instáveis.
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