Conheça a síndrome de Takotsubo, mais frequente em mulheres de meia-idade
Tatiana Pronin Publicado em 21/05/2024, às 09h00
A “síndrome do coração partido”, ou de Takotsubo, é uma cardiopatia rara, induzida por estresse, que foi descrita pela primeira vez por médicos japoneses em 1990. O nome escolhido é o mesmo dado pelos pescadores para a armadilha usada para capturar polvos (tako = polvo; tsubo = jarra ou vaso), pois, na síndrome, parte do coração ganharia esse mesmo formato.
A condição apresenta sintomas que se assemelham a um infarto, podendo levar a uma insuficiência cardíaca severa. Mas, em geral, ela é tratável e a recuperação pode ser completa dentro de semanas e com um baixo risco de reincidência.
Entre os principais sintomas estão:
Além disso, raiva, tristeza profunda ou depressão, dificuldade para dormir, cansaço excessivo, perda da autoestima e sentimentos negativos também podem ser sinais da presença da síndrome.
Existem alguns fatores que predispõem uma pessoa a desenvolver a doença, como depressão, saúde mental debilitada e doenças cardíacas. Mas indivíduos saudáveis também estão suscetíveis e as mulheres são consideradas mais vulneráveis.
As causas ainda estão em estudo, mas são relacionadas a um evento estressante: morte, separação, traição, distanciamento, rejeição ou, até mesmo, uma surpresa boa, como ganhar na loteria.
Todas estas situações provocam um aumento da produção de hormônios do estresse, como o cortisol, e podem gerar contração exagerada de alguns vasos cardíacos, causando danos ao coração.
Não existe um tratamento específico. Em casos mais graves, são utilizados os mesmos medicamentos para insuficiência grave associada ao infarto e também apoio psicológico ou psiquiátrico.
Por isso, a recomendação é aprender a manejar melhor estresse, um dos fatores que podem desencadear a síndrome. Contato social, mesmo à distância, atividades físicas e relaxamento podem ajudar a diminuir a tensão.
Um estudo publicado no Journal of the American Heart Association sugere que mulheres de meia-idade e mais velhas têm sido diagnosticadas com essa cardiomiopatia com mais frequência, e até dez vezes mais do que homens e mulheres mais jovens de qualquer idade.
Os pesquisadores usaram dados hospitalares nacionais coletados de mais de 135 mil mulheres e homens norte-americanos com diagnóstico da síndrome de Takotsubo entre 2006 e 2017.
Embora o fato de as mulheres serem mais vulneráveis já ser uma informação conhecida, os resultados também revelaram que os casos têm aumentado entre mulheres de 50 a 74 anos.
De acordo com os autores do estudo, a forma como o cérebro e o sistema nervoso respondem a diferentes tipos de estressores é algo que muda à medida que as mulheres envelhecem. Assim, é provável que haja um ponto de inflexão, logo após a meia-idade, no qual uma resposta excessiva ao estresse pode impactar o coração.
Apesar de os profissionais de saúde já discutirem há tempos sobre como a conexão entre estresse e o risco de doenças cardíacas é extremamente importante, ainda há muito para ser analisado.
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