Redação Publicado em 11/05/2021, às 15h31
Um artigo da Universidade de Pittsburgh, publicado no JAMA Network Open, apresentou os primeiros resultados de um esforço global para coletar informações sobre a incidência, a gravidade e as manifestações neurológicas relacionadas à Covid-19.
De acordo com os pesquisadores, desde o início da pandemia tornou-se evidente que muitas pessoas infectadas pela doença, sobretudo as que precisaram ser hospitalizadas, também desenvolveram problemas neurológicos.
Dessa maneira, colher informações e aprender ao máximo sobre os aspectos neurológicos da Covid-19 com pacientes nos hospitais e os sobreviventes é essencial.
Assim, uma análise provisória do Global Consortium Study of Neurologicalic Dysfunction in Covid-19 (GCS-NeuroCOVID) – o maior estudo sobre as manifestações neurológicas da doença, abrangendo 133 localidades em todos os continentes, exceto na Antártida -, revelou que pacientes com sintomas neurológicos clinicamente diagnosticados associados à Covid-19 têm seis vezes mais chances de morrer no hospital do que aqueles sem as complicações.
Entre os 3.744 pacientes adultos hospitalizados com Covid-19 analisados, 82% apresentaram sintomas neurológicos autorelatados ou capturados por exames clínicos: 4 em 10 pessoas relataram dores de cabeça e 3 em cada 10 disseram que perderam o olfato ou o paladar.
Além disso, das síndromes clinicamente diagnosticadas – anormalidades que o médico pode identificar independentemente de o paciente estar consciente –, a encefalopatia aguda foi a mais comum, afetando quase metade dos pacientes, seguida pelo coma (17%) e derrames (6%).
Segundo os pesquisadores, os pacientes com encefalopatia aguda podem apresentar um estado sensorial alterado, ter a consciência prejudicada, não se sentirem como eles mesmos e agirem de maneira confusa e agitada.
Apesar das preocupações iniciais sobre a capacidade do coronavírus de atacar diretamente o cérebro e causar inchaço cerebral e inflamação – meningite e encefalite –, esses eventos foram muito raros, ocorrendo em menos de 1% dos pacientes internados com a doença.
Para a pesquisa foram analisados três grupos de pacientes. O primeiro incluiu 3.055 pessoas hospitalizadas com Covid-19, independentemente do estado neurológico. O segundo tinha 475 pacientes com sintomas neurológicos clinicamente confirmados. Por último, o terceiro grupo era formado por 214 pacientes que precisavam de avaliação de um neurologista.
O estudo descobriu que ter uma condição neurológia preexistente de qualquer tipo – desde doenças cerebrais, medulares e nervosas, até enxaquecas crônicas, demência ou doença de Alzheimer – é o mais forte preditor do desenvolvimento de complicações neurológicas relacionadas à Covid-19, aumentando o risco em duas vezes.
Além disso, ter qualquer sintoma neurológico associado à doença – seja algo pequeno, como a perda do olfato, ou um evento mais grave, como um derrame – aumenta em seis vezes o risco de morrer.
Segundo os pesquisadores, mesmo que os pacientes superem todas as probabilidades e se recuperem da Covid-19, a perspectiva de saúde em longo prazo ainda é incerta. Para eles, até o fim da pandemia milhões de pessoas precisarão de suporte.
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