Uma pesquisa feita nos EUA mostra que quase uma em cada quatro pessoas aumentou sua ingestão de álcool, e uma em sete, de maconha para lidar com sintomas
Jairo Bouer Publicado em 06/05/2020, às 20h53 - Atualizado às 20h55
Uma pesquisa feita nos EUA mostra que quase uma em cada quatro pessoas aumentou sua ingestão de álcool, e uma em sete, de maconha para lidar com sintomas de depressão e ansiedade associados à covid-19.
O trabalho, feito pela Universidade do Michigan, contou com 562 pessoas com idade média de 35 anos, a maioria brancos, abordados online a partir do fim de março, uma semana depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia.
Apesar do receio da doença em si, a preocupação com dinheiro foi o que se destacou: 47% dos entrevistados afirmaram ter medo de não conseguir pagar as contas, e 53% mencionaram o temor de perder todas as suas economias.
Os adjetivos mais usados em relação à pandemia foram “ansioso”, “nervoso”, “assustado”, “estressado” e “incerto”. Do total da amostra, 98% estavam seguindo as regras de distanciamento social e 82% estavam em isolamento. Um em quatro entrevistados conhecia alguém que havia sido testado para o coronavírus, e um em nove conhecia alguém com diagnóstico confirmado.
Os pesquisadores utilizaram duas ferramentas de avaliação de saúde mental. Ao questionar os participantes sobre sintomas apresentados “na maioria dos dias” ou “quase todos os dias”, as respostas foram positivas nas seguintes proporções:
Se sentir nervoso, ansioso ou no limite: 43%
Cansaço ou falta de energia: 38%
Preocupação excessiva: 37%
Não conseguir parar de se preocupar: 36%
Problemas para adormecer ou sono excessivo: 36%
Dificuldade para relaxar: 35%
Sensação de medo: 32%
Irritação acima da média: 31%
Falta ou excesso de apetite: 26%
Se sentir “para baixo”, deprimido ou sem esperança: 25%
Problemas de concentração: 24%
Pouco interesse ou prazer nas atividades: 23%
Baixa auto-estima: 21%
Sensação de inquietude: 17%
Lentificação dos movimentos ou agitação: 8%
A pesquisa ainda analisou os mecanismos de enfrentamento das emoções. A boa notícia é que 89% dos participantes relataram reações positivas, como “tentar fazer algo para melhorar a situação”, sendo que 77% buscaram conforto e compreensão em outras pessoas. A maioria (84%) também procurou investir seu tempo em algo produtivo, e quase metade disse ter rezado ou meditado para se sentir melhor.
Por outro lado, os índices de reações consideradas negativas também foram altos: 68% simplesmente fizeram piadas e 57% tiraram sarro do que estava acontecendo, numa tentativa de negar a gravidade da situação. E 47% foram excessivamente críticos em relação às próprias reações, além de ter reportado maior uso de álcool e/ou maconha para lidar com a ansiedade.
Parceiros românticos foram uma das principais fontes de apoio para os participantes, sendo que 71% disseram ter estreitado os laços emocionais durante a pandemia, e 57% notaram que a proximidade física aumentou.
Porém, um em cinco entrevistados notou um aumento nos conflitos do casal por causa da pandemia. Entre eles, 15% relataram mais discussões, em geral, 22%, discordâncias em relação ao novo coronavírus, e 2%, confrontos físicos.
Para saber mais (em inglês):
Mental Health, Relationships and Coping During the Coronavirus Pandemic