Redação Publicado em 05/03/2021, às 14h34
Um estudo liderado pela Oxford Brookes University revelou que uma grande proporção dos recuperados da Covid-19 é afetada com complicações neuropsiquiátricas e cognitivas.
Psicólogos e psiquiatras da instituição avaliaram diversos artigos de pesquisas que buscam entender melhor os possíveis efeitos do vírus no cérebro, e até que ponto as pessoas podem desenvolver problemas de saúde mental a curto e longo prazos. A estimativa é que uma em cada cinco pessoas recuperadas vivenciem essas questões.
Os pesquisadores descobriram que, em um curto espaço de tempo, uma ampla gama de problemas neuropsiquiátricos foram relatados por quem teve a doença. Ao analisar um estudo, 95% dos pacientes com Covid-19 considerados clinicamente estáveis apresentaram transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Um outro artigo mostrou que entre 17 a 42% dos indivíduos vivenciaram alguns transtornos de humor, como a depressão.
Entre os principais problemas cognitivos de curto prazo estão atenção prejudicada (observado em 45% dos indivíduos) e memória comprometida (entre 13 e 28%) . Já a longo prazo, os problemas neuropsiquiátricos foram, em sua maioria, transtornos de humor e fadiga, bem como falhas de atenção (44% dos pacientes) e memória (28 a 50% dos infectados).
Segundo os pesquisadores, compreender melhor as consequências neuropsiquiátricas e cognitivas da Covid-19 é extremamente importante, visto que milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus e muitos casos passaram despercebidos.
As condições observadas na análise podem afetar a capacidade das pessoas de trabalhar de maneira eficiente, dirigir, organizar finanças, tomar decisões e participar das atividades familiares diárias.
Mesmo se apenas uma pequena fração de pacientes tiver complicações neuropsiquiátricas, o impacto nos serviços públicos de saúde será significativo. Os estudiosos dizem, ainda, que é provável um aumento no número de pacientes com problemas psiquiátricos e cognitivos que eram saudáveis antes de serem infectados pelo vírus.
Para eles, detalhar a evolução cognitiva e realizar um acompanhamento desses pacientes são necessários para detectar novos casos neurológicos relacionados à doença. Essa iniciativa também permitirá aos prestadores de serviços de saúde planejar um atendimento adequado, buscar recursos e melhorar a qualidade de vida de muitos recuperados da Covid-19.
A equipe de pesquisadores já vê um impacto da doença na saúde mental da população mundial. Pacientes têm apresentado a chamada "Covid de longa duração (“Long Covid Syndrome”), sequelas que surgem a longo prazo e incluem fadiga, problemas cognitivos e uma série de condições psiquiátricas. Portanto, o tratamento desses pacientes deve contar com uma equipe multidisciplinar, incluindo psiquiatras.
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