Redação Publicado em 19/02/2021, às 19h30
Crianças que enfrentam problemas de saúde mental no início da vida podem ter uma saúde física mais frágil ao se tornarem adultas e envelhecer mais rápido. Pelo menos é o que sugere um novo par de estudos de longo prazo realizados por pesquisadores da Nova Zelândia.
Segundo a equipe, pessoas que experimentam condições psiquiátricas quando são jovens apresentam uma tendência a sofrer muito mais com doenças físicas relacionadas à idade e doenças neurodegenerativas.
O objetivo do estudo é alertar sobre a necessidade e importância de se aumentar os investimentos em cuidados de saúde mental logo no início da vida, para, dessa forma, reduzir o sofrimento e os custos com saúde.
Publicada na JAMA Psychiatry, a pesquisa foi realizada a longo prazo e monitorou a saúde e o bem-estar de mil neozelandeses nascidos em 1972 e 1973, desde o nascimento até os 45 anos de idade.
Ao final da análise, os pesquisadores notaram que os participantes com um histórico de psicopatologia juvenil estavam envelhecendo em um ritmo mais acelerado, com maior comprometimento de funções sensoriais, motoras e cognitivas, e ainda pareciam mais velhos quando comparados a indivíduos que não tiveram problemas de saúde mental na infância.
As principais condições relatadas pelos participantes com histórico de transtornos foram ansiedade, depressão, abuso de substâncias e esquizofrenia.
De acordo com a equipe, os resultados foram mantidos mesmo depois de controlados fatores como sobrepeso, tabagismo, uso de medicamentos e doenças físicas anteriores.
Para os pesquisadores, se a saúde mental for cuidada e melhorada na infância e na adolescência, é possível intervir na melhora da saúde física e do processo de envelhecimento.
Outro estudo da mesma equipe, publicado no JAMA Network Open, analisou 30 anos de registros hospitalares de 2,3 milhões de neozelandeses de 10 a 60 anos entre 1988 e 2018. A pesquisa é mais uma a encontrar uma forte relação entre o diagnóstico precoce de problemas de saúde mental e doenças físicas e neurológicas posteriores.
Segundo os pesquisadores, os dados mostram que indivíduos jovens com transtornos mentais são mais propensos a desenvolver doenças físicas na vida adulta e a morrer mais cedo quando comparados a pessoas com boa saúde mental na infância e adolescência.
As informações coletadas na pesquisa revelam que indivíduos com doenças mentais sofreram mais internações por condições físicas, passaram mais tempo nos hospitais e gastaram mais com saúde ao longo dos 30 anos analisados.
Dessa meneira, os resultados propõem que, ao invés de encarar cérebro e corpo como coisas separadas, é preciso que haja uma integração de ambos para beneficiar a saúde da população. Investir no cuidado da saúde mental desde o início da vida é uma oportunidade de prevenir doenças futuras ao envelhecer. Além disso, a equipe também afirma que jovens com problemas de saúde mental se tornam pacientes muito mais caros para a sociedade.
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