Dados mostram que alto nível de coletivismo incentiva o uso da máscara na pandemia
Redação Publicado em 21/05/2021, às 14h34
Com a pandemia do novo coronavírus, a máscara tornou-se item essencial de combate à proliferação da doença. Porém, a porcentagem de pessoas adeptas a essa recomendação varia. O que explica isso? Segundo um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT – Estados Unidos), culturas com um senso público de coletivismo têm maior adesão da população ao uso de máscaras.
De acordo com os autores da pesquisa, o coletivismo é um forte e importante preditor para determinar se as pessoas de uma região fazem uso das máscaras ou não.
O coletivismo refere-se à tendência de priorizar as necessidades de um grupo sobre as preocupações de um indivíduo. Os pesquisadores explicaram que, em culturas consideradas coletivistas, as pessoas consideram usar máscaras não apenas como sendo uma responsabilidade ou dever, mas também como um símbolo de solidariedade, já que estão todos lutando contra a pandemia.
Muitos cientistas têm trabalhado frequentemente para medir o nível de coletivismo em diferentes populações e, mesmo diante de outros fatores, como orientação política, políticas de Estado e gravidade dos surtos de Covid-19, a cultura do coletivo se manteve como uma das principais impulsionadoras do uso de máscara.
Para realizar o estudo – publicado recentemente no Proceedings of the National Academy of Sciences – a equipe analisou quatro conjuntos de dados. O primeiro, coletado em julho de 2020, foi uma pesquisa sobre o uso de máscaras nos EUA, coletada pelo jornal The New York Times. Essa fase contou com 248.941 estadunidenses em todos os 3.141 condados do país.
A segunda etapa foi formada por uma análise com 16.737 estadunidenses em todos os 50 estados dos EUA, entre abril e setembro de 2020. Com esses dois conjuntos, os pesquisadores examinaram quão forte a adesão às máscaras se correlacionou com as medidas do coletivismo – sendo o fator do coletivo avaliado com base nas respostas da pesquisa por amostras representativas da população.
Ao analisar os resultados, os pesquisadores incluíram outros fatores que poderiam influenciar o uso de máscaras, como: a gravidade dos surtos de Covid-19 nos estados, políticas governamentais, afiliações políticas, níveis de educação, densidade populacional, renda per capita, idade e gênero.
Os achados mostraram que a classificação de coletivismo de um estado dos EUA é um forte e consistente preditor do uso de máscaras. Por exemplo, o Havaí tem a maior classificação de coletivismo do país e é o segundo maior em nível de uso de máscaras.
Os autores também usaram outros dois conjuntos de dados globais para aplicar o mesmo método a um grupo de países. Da mesma forma como nos EUA, nações ao redor do mundo apresentaram resultados iguais: níveis do coletivismo previram quais países tendiam a ter índices mais altos de uso de máscaras.
A pesquisa descobriu ainda que outros fatores influenciaram na adesão a essa medida protetiva. Entre os moradores dos EUA, por exemplo, a filiação partidária também era um forte preditor do uso de máscaras, com democratas mais propensos a usá-las do que republicanos.
Para os pesquisadores, entender essas diferenças culturais não fornece apenas uma visão sobre a pandemia, mas também ajuda o mundo a se preparar para crises futuras.
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