Redação Publicado em 25/05/2021, às 17h00
Um estudo feito pelo King’s College de Londres (Reino Unido) – e publicado no BJPsych Open – examinou se a depressão, antes ou durante a gravidez, afeta a relação entre mãe e bebê.
Para a pesquisa, a equipe analisou a qualidade das interações das mulheres com seus respectivos filhos nas oito primeiras semanas e 12 meses após o parto. As participantes foram divididas em três grupos diferentes: mulheres saudáveis, mulheres com depressão na gravidez e mulheres com histórico depressivo ao longo da vida (mas saudável no período da gestação).
O estudo utilizou uma amostra de 131 mulheres, sendo 51 mães sem depressão atual ou passada, 52 com sintomas depressivos e 28 mães com histórico de depressão, mas sem diagnóstico no momento da pesquisa.
Os pesquisadores analisaram vídeos de três minutos de duração com as interações e que foram filmados nas oito primeiras semanas e 12 meses após o nascimento. Nas filmagens, as mães brincavam com seus bebês enquanto os pesquisadores pontuavam a relação com base em sete aspectos do comportamento: expressão facial, expressão vocal, posição e contato corporal, afeto e excitação, controle e escolha de atividade.
De acordo com os achados, com oito semanas e 12 meses, mães e bebês pertencentes aos grupos de depressão atual e com histórico apresentaram uma qualidade reduzida de interação. Com oito semanas, 62% do grupo de mulheres com depressão durante a gravidez e 56% daquelas com histórico depressivo pontuaram na categoria mais baixa de qualidade de relacionamento, no qual são recomendadas intervenções terapêuticas.
Em contrapartida, todos os grupos melhoraram a qualidade de interação aos 12 meses, o que, segundo os pesquisadores, indica que, com o passar do tempo, todas as mães e seus bebês podem fortalecer as relações e criar sintonia.
Para os autores, as descobertas sugerem que os profissionais de saúde mental devem oferecer apoio às mulheres não apenas durante a gravidez, mas também para aquelas com um histórico de depressão, pois essas podem estar igualmente sob o risco de apresentar certa dificuldade de interação.
A equipe recomenda que os profissionais que lidam com esse grupo forneçam a essas gestantes em risco de ter uma menor qualidade no relacionamento com seus filhos exemplos de comportamentos positivos, maneiras de engajar o bebê e entender as suas necessidades. Tudo isso, de acordo com os autores, pode ser incorporado às aulas de preparação para o parto e o pré-natal.
Além disso, os pesquisadores sugerem também que as intervenções capazes de ajudar a interação mãe-bebê sejam disponibilizadas mais amplamente – como feedback em vídeo, no qual o médico e a mulher discutem quais comportamentos funcionam melhor para engajar e confortar a criança – e atividades estruturadas para mães e seus filhos, como grupos de arte e canto. Para eles, essas iniciativas são importantes visto que os primeiros anos de vida são fundamentais para a saúde mental futura e o bem-estar desses bebês.
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