Depressão de inverno e a importância da luz solar

Também conhecida como transtorno afetivo sazonal é um tipo de depressão ligado às estações

Cármen Guaresemin Publicado em 11/07/2024, às 09h00

Tristeza está associada à pouca luminosidade e menor exposição ao sol, que interferem na produção de serotonina - iStock

Depressão de inverno ou transtorno afetivo sazonal (TAS) é um tipo de depressão relacionado às mudanças nas estações – começa e termina aproximadamente nas mesmas épocas todos os anos. Se você é como a maioria das pessoas com TAS, seus sintomas começam no outono e continuam nos meses de inverno, minando sua energia e fazendo você se sentir mal-humorado. Esses sintomas geralmente desaparecem durante os meses de primavera e verão.

Países tropicais como o Brasil são reconhecidos por seus dias ensolarados, temperaturas médias elevadas e baixa amplitude térmica (pouca diferença entre as temperaturas mínima e máxima). Mesmo assim, no inverno, cerca de 1% da população é afetada pela depressão – ou ansiedade climática. Parece pouco, mas são mais de 2 milhões de brasileiros.

Os dados do Departamento de Psicologia Médica da King’s College/Universidade de Londres mostram que o problema é real: dias nublados, chuvosos e frios levam a alterações emocionais, no sono e no humor. A incidência é mais comum em países como Finlândia, Noruega e Suécia, mas na região Sul do Brasil, nos meses de outono e inverno, não é raro que os moradores apresentem alguns sintomas.

Não ignore esse sentimento anual como simplesmente um caso de "tristeza do inverno" ou um medo sazonal que você precisa enfrentar sozinho. Tome medidas para manter seu humor e motivação estáveis ​​ao longo do ano.

Mestre em Análise do Comportamento, o professor do curso de Psicologia do UniCuritiba Guilherme Alcântara Ramos explica que a redução da luz solar atrapalha o funcionamento adequado do hipotálamo, região cerebral importante para a produção de hormônios e regula várias funções do organismo. No inverno, quando as noites são mais longas e escuras, ficamos mais sujeitos a alterações emocionais. De acordo com ele, a exposição ao sol estimula a produção de serotonina, dopamina e outros neurotransmissores que atuam no humor e na capacidade de lidar com o estresse e a ansiedade.

Mais tempo dentro de casa

Ramos conta que, no inverno, por causa do frio, as pessoas tendem a fazer menos atividades físicas e a sair menos de casa para encontrar amigos ou para atividades de lazer. Isso aumenta os sintomas, sendo importante adaptar a rotina e a vida social a atividades compatíveis com o clima deste período. O motivo da tristeza, abatimento e até estresse está associado à pouca luminosidade e menor exposição ao sol, que interferem na produção de serotonina e melatonina. Os sinais e sintomas podem incluir:

-Sentir-se apático, triste ou deprimido a maior parte do dia, quase todos os dias
-Perder o interesse em atividades que você gostava antes
-Ter pouca energia e se sentir lento
-Dormir demais ou ter insônia
-Experimentar desejos por carboidratos, comer demais e ganho de peso
-Ter dificuldade em se concentrar
-Sentir-se desesperado, inútil ou culpado
-Ter pensamentos de não querer viver

Dicas para lidar com as emoções

A psicóloga e professora do UniCuritiba Daniela Jungles explica que o clima é um estressor universal e a maioria das pessoas reage, física e emocionalmente, em menor ou maior grau, às oscilações de calor, frio, chuva ou vento. Para lidar com o inverno sem abalar o emocional, ela ensina algumas boas práticas:

Quando consultar um médico

Para finalizar, os professores de Psicologia do UniCuritiba reforçam a importância de cuidar da saúde mental. Não deixe que a ansiedade climática ou depressão de inverno se instale. É importante tomar medidas proativas para cuidar da saúde física e mental. Se você já sabe que o inverno afeta suas emoções, redobre os cuidados.

É normal ter alguns dias em que você se sente deprimido. Mas se você se sentir deprimido por vários dias e não conseguir se motivar para realizar atividades que normalmente gosta, consulte seu médico. Isto é especialmente importante se os seus padrões de sono e apetite mudaram, se você recorre ao álcool para obter conforto ou relaxamento, ou se se sente desesperado ou pensa em suicídio.

Fontes: Mayo Clinic/UniCuritiba

 

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