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Depressão é mais comum nas mulheres; entenda as razões

Alguns fatores tornam as mulheres um pouco mais vulneráveis à depressão do que os homens - iStock
Alguns fatores tornam as mulheres um pouco mais vulneráveis à depressão do que os homens - iStock

A depressão é um dos problemas de saúde mental mais comuns em todo o mundo. Estima-se que cada pessoa tenha 15% de chances de desenvolver o transtorno ao longo da vida. Mas as mulheres parecem ser um pouco mais vulneráveis à condição do que os homens.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que, em todo o planeta, cerca de 5,1% das mulheres e 3,6% dos homens vivenciaram um episódio depressivo no ano passado. No Brasil, segundo a pesquisa Vigital 2021, do Ministério da Saúde, 14,7% das mulheres têm o transtorno, contra 7,3% dos homens. O transtorno envolve sintomas como:

  • tristeza persistente ou desesperança
  • fadiga constante
  • falta de prazer (anedonia)
  • alterações de sono
  • alterações de apetite
  • dificuldades de concentração

Possíveis explicações

Há várias hipóteses para explicar por que as mulheres sofrem mais de depressão, ou por que são mais diagnosticadas com o transtorno. Mas é bom lembrar que a depressão é multifatorial, ou seja, pode envolver uma predisposição genética, além de fatores ambientais, por isso não dá para apontar um único culpado.

Além disso, o transtorno pode se manifestar de diferentes maneiras, dependendo da idade, do gênero e de questões culturais. Em geral, as mulheres podem apresentar sintomas mais típicos do transtorno, como choro fácil, sentimentos de culpa e desesperança exacerbados. Já os homens tendem a externalizar mais suas emoções, com rompantes de agressividade ou uso de substâncias, o que pode mascarar a depressão.

Elas buscam mais ajuda

É sabido, ainda, que as mulheres são mais propensas a buscar auxílio médico e mesmo a psicoterapia, quando estão em sofrimento.  É que, apesar de muita coisa ter mudado na sociedade, muitos homens ainda são ensinados, desde cedo, a esconder suas lágrimas e eventual vulnerabilidade. 

Hormônios contam

Mas há outros fatores capazes de explicar essa predisposição maior das mulheres à depressão, como as flutuações hormonais que afetam as mulheres ao longo da vida. Afinal, muitas delas têm sintomas exacerbados nos dias que antecedem ou durante a menstruação, na gravidez ou no pós-parto, bem como no climatério.  

Questões sociais e culturais

Aspectos socioculturais também podem contar, e muito, para o desenvolvimento do transtorno. As estatísticas mostram que as mulheres são muito mais vulneráveis à violência sexual, por exemplo, algo que configura um fator de risco importante para a depressão.

Vários estudos ainda têm destacado o estresse vivenciado pelas mulheres que trabalham duro (ganhando menos que os homens) e ainda acumulam as tarefas domésticas e o cuidado de filhos e parentes. Há suspeita, inclusive, de que o cérebro mais propenso à empatia, das mulheres, também seria um fator de vulnerabilidade. 

Todos esses fatos sinalizam de que políticas específicas para combater desigualdades e aliviar a sobrecarga sobre as mulheres são fundamentais, mais do que flores e mimos neste dia escolhido para homenageá-las.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin