Conclusão é de estudo norte-americano que avaliou o impacto das mudanças de rotina na saúde mental de 1.850 grávidas entre abril e junho
Redação Publicado em 21/12/2020, às 16h59
As medidas de isolamento social por causa da Covid-19 atrapalharam a rotina de quem pratica esportes ou outras atividades físicas em grupo. Isso deixou essas pessoas mais vulneráveis ao estresse e a transtornos de humor, inclusive gestantes.
Um estudo mostra que mulheres grávidas que ficaram sem se exercitar por causa da pandemia apresentaram mais sintomas de depressão pré-natal que aquelas que conseguiram manter a prática.
As gestantes são uma população que tem risco aumentado para o transtorno depressivo devido a todas as mudanças fisiológicas enfrentadas por elas desde a fecundação. As preocupações com a nova fase que se aproxima também agravam essa vulnerabilidade, e a pandemia trouxe ainda mais ansiedade. Já a atividade física tem efeito protetor.
Pesquisadores da Universidade de Dartmouth, nos EUA, analisaram questionários respondidos por 1.850 grávidas entre abril e junho deste ano, para avaliar como a Covid-19 havia impactado os cuidados com a saúde no pré-natal e no pós-parto. No início do estudo, 92% das participantes seguia ordens locais para ficar em casa.
Além de perguntas sobre a prática de atividade física e outras medidas de saúde, as gestantes passaram por avaliações para identificar sintomas de depressão pré-natal e pós-parto. Também foram levados em conta fatores de risco para o transtorno, como problemas financeiros e nível de educação.
As participantes do estudo tinham, em média, 31 anos e 26 semanas de gravidez. A maioria das mulheres era fisicamente ativa: 56% relataram praticar exercícios moderados pelo menos três vezes por semana. A pontuação média para sintomas depressivos foi de 10,6, sendo que a ferramenta de avaliação utilizada pelos pesquisadores variava de 0 a 30. Um resultado de 15 ou mais indica depressão clinicamente significativa.
Ao todo, 47% das mulheres grávidas no estudo indicaram estar se exercitando menos durante a pandemia, enquanto 9% estavam se exercitando mais. Aquelas que tiveram a rotina de atividade física alteradas apresentaram pontuação maior na escala de depressão.
As gestantes que vivem em áreas metropolitanas foram duas vezes mais propensas a ter a prática impedida por causa das medidas de isolamento social, como o fechamento de academias e pouco espaço para malhar em casa ou no seu entorno.
Mais de 57% estavam preocupadas com suas finanças por causa dos prejuízos econômicos ligados à pandemia. Mas as gestantes mais velhas e mais ricas apresentaram escores mais baixos de depressão, o que mostra como a falta de dinheiro pode ser um mediador no transtorno.
Os resultados, publicados no periódico PLOS ONE, confirmam que o exercício moderado diminui o risco de depressão em grávidas. Isso significa que interrupções na rotina de atividade física pode afetar expressivamente a saúde mental das mulheres, ainda mais aquelas que já sofrem algum tipo de adversidade, como a preocupação com o sustento do filho que vai nascer.
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