Além de produtos para os pés e as axilas, há opções para outras áreas propensas ao suor
Tatiana Pronin Publicado em 24/01/2025, às 10h00
As prateleiras de desodorante nunca estiveram tão cheias. Há alguns anos, surgiram no mercado inúmeras versões do produto original – com ou sem perfume, com ou sem alumínio, com ou sem bicarbonato de sódio, em spray, roll-on, bastão ou creme etc. Agora, além de produtos para o suor nas axilas e nos pés, a mania são os desodorantes para o corpo inteiro. Mas, afinal, precisamos deles?
Todos nós temos glândulas sudoríparas espalhadas pelo corpo todo. Mas algumas delas, as chamadas “apócrinas”, estão concentradas em certas regiões do corpo, como axilas, virilhas, peito e a perianal. Elas liberam um suor inodoro, porém rico em gordura e proteínas que, ao interagir com as bactérias presentes na pele, podem causar um odor desagradável. Para quem não possui uma boa higiene diária, portanto, o mau cheiro será garantido nessas áreas.
Mas também há a questão da hiperidrose, uma condição que causa excesso de suor, especialmente em partes do corpo como axilas, pés e mãos. “Algumas pessoas são acometidas no corpo todo, a chamada ‘hiperidrose generalizada’, mas são raros os casos”, comenta a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. “Claro que algumas pessoas se sentem mais protegidas, mais ‘sequinhas’, passando [o desodorante] em outras partes do corpo, e aí fica a critério pessoal”, comenta a médica.
A especialista sugere usar o desodorante somente nas áreas para as quais o produto em questão é destinado. “Muitas vezes a apresentação do produto não é adequada para aquela região do corpo”, justifica. Um desodorante para os pés, por exemplo, pode causar irritação na pele em outras partes do corpo.
Mônica conta que desodorantes em talco para axilas e outras áreas caíram em desuso porque o pó pode obstruir poros e glândulas, alterando as trocas entre meio ambiente e a pele. “Mas na planta do pé dá um alívio e não tem como causar dano porque é uma área da pele que é muito espessa”.
Outro cuidado que se deve ter, ao se utilizar desodorantes para o corpo todo, é com regiões mais íntimas, como a pele e as mucosas da área perianal, que são mais sensíveis e podem ficar irritadas. O ginecologista e obstetra Nelio Veiga Junior, que já foi médico pesquisador no Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas, explica que os desodorantes podem alterar o equilíbrio e a microbiota (microrganismos que vivem no local), “levando a ressecamento, reações alérgicas, inflamações, e podendo aumentar o risco de infecção”.
De um modo geral, desodorantes para o corpo todo devem conter extratos naturais, óleos vegetais, aloe vera e manteigas vegetais (como karité e manteiga de cacau). E é melhor evitar produtos com fragrâncias sintéticas, álcool, parabenos e propilenoglicol. Se apesar da higiene e do uso de desodorante o problema ainda estiver fora de controle, vale a pena consultar um dermatologista.
Além do uso do desodorante, algumas medidas gerais podem ajudar a evitar o mau cheiro:
1. Caprichar no banho: ao se lavar diariamente, dê atenção especial às regiões com mais glândulas apócrinas, como axilas, mamas, virilhas e pés.
2. Secar-se adequadamente: como as bactérias que causam o mau cheiro se proliferam sobretudo em regiões úmidas do corpo, é necessário que após tomar banho você também se seque muito bem, incluindo a região genital, as axilas e entre os dedos dos pés.
3. Aparar pelos ou depilação: os pelos podem favorecer o acúmulo de umidade e, então, a proliferação bacteriana.
4. Utilizar tecidos leves: ao escolher roupas, dê preferência por tecidos que permitem que o suor da pele seja eliminado, como algodão, linho e tecidos tecnológicos como dry-fit e clima cool.
5. Trocar roupas diariamente: ainda que o tecido seja leve e que você transpire pouco, partículas de suor podem se acumular nos tecidos e favorecer o surgimento do odor. Assim, troque de roupas íntimas diariamente e, sendo possível, troque também as roupas de uso cotidiano.
6. Revezar o uso dos calçados: ao usar um calçado num dia, deixe-o em lugar arejado no dia seguinte e utilize outro par se for possível. Intercalar o uso de calçados diariamente permite que o suor deles seja eliminado, evitando que acumulem mau cheiro e causem o famoso chulé (ou bromidrose plantar). Também opte por calçados que permitem que os suor dos pés sejam eliminados durante o uso e evite meias de material sintético.
7. Reduzir o estresse: ao reduzir a carga estressora, você pode evitar o excesso de transpiração, já que as glândulas sudoríparas são induzidas a produzir mais suor pelo estresse.
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