A depressão mais tarde na vida gera ainda mais preocupações por aumentar o risco de outras condições de saúde
Redação Publicado em 26/07/2022, às 17h00
Anualmente no dia 26 de julho é celebrado o “Dia dos Avós” no Brasil, em Portugal e na Espanha. A data foi criada em referência à tradição católica, já que também marca o dia de Santa Ana e de São Joaquim, pais de Maria, mãe de Jesus.
Além da homenagem e do significado afetivo, o “Dia dos Avós” é uma ótima oportunidade para alertar sobre condições de saúde, como é o caso da depressão em idosos.
A população no Brasil está envelhecendo. O aumento da longevidade pode ser observado através dos números oficiais fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre 2012 e 2021, o número de pessoas abaixo dos 30 anos no Brasil caiu 5,4%, enquanto houve aumento em todos os grupos acima dessa faixa etária no período. Com isso, a parcela de indivíduos com 60 anos ou mais saltou de 11,3% para 14,7% da população. Em números absolutos, esse grupo etário passou de 22,3 milhões para 31,2 milhões, crescendo 39,8% no período.
Milhares de pessoas sofrem com a depressão ao redor do mundo, em todas as faixas etárias. Um estudo divulgado em outubro pela revista The Lancet apontou que, só em 2020, foram registrados 53 milhões de novos casos da doença.
Quando a condição chega mais tarde na vida, ela gera ainda mais preocupações por ser capaz de aumentar o risco de condições de saúde, como doenças cardíacas, pressão alta, declínio cognitivo e suicídio.
Além disso, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a doença atinge cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos de idade.
Apesar de sua prevalência na população – especialmente entre os mais velhos –, a depressão, muitas vezes, não é diagnosticada e tratada. E, mesmo entre aqueles que recebem tratamento, apenas um terço melhora ou consegue remissão.
Confira:
De acordo com a psicóloga Tais Fernandes, a relação entre avós e netos é essencial para evitar a depressão nessa faixa etária. Ela explica que, por conta do aumento da longevidade, há um tempo maior de convivência entre os dois grupos, permitindo a troca de experiências e a formação de laços afetivos mais fortes. Tudo isso afeta positivamente a saúde mental, a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos.
A especialista explica ainda que existem três fatores que impactam diretamente a relação entre avós e netos:
A criação de vínculos entre avós e netos promove significado de pertencimento ao núcleo familiar, o que é capaz de influenciar na diminuição e na prevenção dos sentimentos de solidão.
A comunicação e a interação social permitem o convívio entre gerações, produzindo maior participação dos avós nas rotinas dos netos, movimentando a sua vida social.
Os ensinamentos que os avós podem fornecer para seus netos permite a troca de experiência com os mais novos, trabalhando a flexibilidade de pensamentos e a abertura para novas ideias.
Para Tais, além de ajudar na prevenção de distúrbios mentais – como a depressão – e ajudar no trabalho cognitivo de idosos com parkinson ou alzheimer, o laço afetivo entre avós e netos permite que a família fique mais unida e construa relações socioafetivas mais fortes.
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